Por Leonardo Augusto, especial para a AE
Belo Horizonte, 20/5/2019 - A barragem do complexo minerário Vale de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), tem chance entre 10% e 15% de romper, disse nesta segunda-feira, 20, o secretário estadual de Meio Ambiente de Minas, Germano Vieira, citando inspeção feita por auditoria independente. O colapso da estrutura pode ocorrer caso desmorone o talude, encosta que dá sustentação à mina da Vale.
O desabamento do talude, conforme Vieira, é inevitável, mas pode ser que a barragem resista. "O prognóstico se mantém. Todas as avaliações técnicas da empresa foram confirmadas por auditoria independente. Então, o cenário de ruptura do talude vai acontecer. Não se consegue prognosticar se a data é do 21 a 26, pode ser um dia a mais um dia a menos", afirmou o secretário.
A previsão inicial, divulgada pela Defesa Civil, é de que o talude se rompesse entre domingo, 19, e o próximo sábado, 25. Segundo Vieira, a movimentação da estrutura já ocorria há oito anos "de maneira natural", mas se "intensificou nos últimos momentos". Não é possível dizer, de acordo com o secretário, se o deslizamento ocorrerá ou não de uma só vez.
A Vale ainda identificou outro cenário caso o talude se rompa. Segundo Vieira, a água que está dentro da cava poderia ser expelida com o desmoronamento. Mas neste caso, pelo relevo local, a água desceria para leste, e não para o sentido sul, onde está a barragem.
Colapso da estrutura
O principal temor da Defesa Civil estadual é que o colapso da estrutura provoque um abalo sísmico e o rompimento da barragem Sul Superior, que armazena rejeito de minério de ferro. Em 22 de março, a represa teve seu nível de segurança elevado a 3, que significa ruptura iminente.
De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMGO), a deformação que foi identificada no talude ao norte da mina, uma estrutura feita de escadarias de grandes proporções formadas ao redor da cava, pode provocar a ruptura do talude. Como consequência, o abalo geraria uma vibração no solo capaz de ocasionar a liquefação da barragem de minérios. O rompimento da estrutura levarias a "danos sociais e humanos imensuráveis para a região", segundo o MPMG.