Política
06/10/2017 11:57

COI cortará também recursos destinado a Brasil sanar déficit com Jogos Olímpicos


Genebra, 06/10/2017 - Nas sanções anunciadas hoje pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) contra o Brasil e Arthur Nuzman, está também o corte de todos repasses ao País, inclusive para sanar o déficit deixado pelos Jogos Olímpicos. Entretanto, o COI vai permitir que os atletas brasileiros possam continuar a representar o País nos Jogos de Inverno de 2018. Mais cedo, o COI anunciou o afastamento de Arthur Nuzman e a suspensão temporária do COB.

A pior crise na história do esporte nacional ocorre apenas um ano depois que o Rio sediou os primeiros Jogos na América do Sul e que teria de ser um trampolim para transformar o Brasil em um "país olímpico".

Aconselhado por advogados e pressionado por patrocinadores, o COI tomou a decisão inédita de cortar relações com um País que acaba de ser sede de seu maior evento. A meta é a de blindar sua reputação diante de uma crise que, segundo fontes envolvidas no processo judicial, poderá revelar ainda uma dezena de nomes de dirigentes implicados na corrupção.

A decisão foi adotada pelo Conselho Executivo do COI nesta sexta-feira, depois de uma reunião de emergência avaliar as alegações da polícia sobre os dirigentes brasileiros e a suposta compra de votos pelo Brasil para sediar os Jogos de 2016.

Sobre Nuzman, o COI indicou que ele está suspenso provisoriamente de todos os seus "direitos, prerrogativas e funções derivadas de seu cargo de membro de honra do COI". Ele ainda foi afastado da Comissão de Coordenação dos Jogos de 2020, em Tóquio.

A decisão foi tomada depois que a Comissão de Ética do COI concluiu que o escândalo de compra de votos e sua prisão no Brasil era "grave e urgente". Para o órgão presidido pelo ex-secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, a crise tem um "impacto na reputação do COI" e, portanto, uma ação teria de ser adotada.

A Comissão de Ética admitiu que, diante do andamento do processo no Brasil "não está em uma posição para fazer uma recomendação sobre o valor das alegações" sobre a compra de votos. "Portanto, a Comissão decide manter as investigações", explicou, destacando a importância em respeitar a presunção de inocência.

O que pesou, portanto, foi o impacto que o escândalo tem para a imagem do COI. Usando o código de Ética da entidade, a decisão assinada por Ban Ki Moon aponta que não levaria em conta apenas os fatos, "mas suas consequências para a reputação" da entidade internacional.

As medidas adotadas pelo COI, porém, não se limitam ao dirigente e decide suspender o próprio COB de toda sua relação com a entidade internacional. "O COB e seu presidente, Carlos Nuzman, foram responsáveis pela candidatura do Rio de Janeiro em 2009. Portanto, o Conselho Executivo do COI toma as seguintes medidas com efeitos imediatos: suspender provisoriamente o COB", afirma a nota de imprensa.

De acordo com a regra 59 da Carta Olímpica, a suspensa7o significa que "todos os pagamentos e subsídios do COI para o COB estão congelados". Outra medida adotada é que o COB não será autorizado a exercer seus direitos de membro entre as associações de comitês nacionais olímpicos.

Se os dirigentes brasileiros estão sendo punidos, o COI insiste que os atletas não ficarão de fora dos torneios. "Para proteger os interesses dos atletas brasileiros, essa decisão não afetará os atletas", disse.

Portanto, o COI "aceitará um time olímpico brasileiro nos Jogos de Inverno de PyeongChang em 2018 em todas outras competições sob o guarda-chuva do COB com seus direitos e obrigações".

Essa suspensão será encerrada quando problemas de governabilidade do COB tenham sido lidados de "forma satisfatória" e consideradas pelo COI.

Dinheiro - Conforme o Estado antecipou em sua edição desta sexta-feira, o COI ainda está suspendendo todos os repasses ao Brasil, inclusive para cobrir o rombo da Rio2016.

Para justificar a decisão, o COI aponta que tanto Nuzman como Leonardo Gryner, também preso, estavam no comando do Comitê Organizador dos Jogos por "muitos anos".

"O COI encerra todas suas obrigações com o Comitê Organizador em dezembro de 2016, como confirmado", disse. De acordo com Lausanne, a contribuição que foi dada pelo COI ao Rio "extrapola de forma significativa suas obrigações contratuais". Na época, o dinheiro - cerca de US$ 1,5 bilhão - foi dado "considerando a grave crise afetando o país".

"O COI suspende provisoriamente todas as demais relações com o Comitê Organizador", disse a entidade. Uma vez mais, essa suspensão será revista quando os problemas de governança forem lidados.

Afastamento - Depois de chamar Nuzman de "grande amigo", Thomas Bach, presidente do COI, agora busca um distanciamento da crise brasileira como forma de permitir a sobrevivência de sua própria credibilidade.

No comunicado, a entidade "reitera seu total compromisso com a proteção da integridade do esporte". "O COI continuará a lidar com qualquer problema afetando a integridade sob as regras e regulações de seu novo sistema de governança", disse.

Além de suspender Nuzman, o COI indicou que vai pedir que as autoridades judiciais do Brasil e França entreguem à entidade qualquer tipo de informação disponível. "O COI irá cooperar plenamente com a Justiça", declarou.

"É do maior interesse do COI ser capaz de lidar com assuntos relacionados com seus membros para poder proteger sua reputação como uma organização", disse.

Nem todos na Justiça, porém, concordam com tal gesto. Investigadores que conversaram com o Estado alertam que precisam manter um grau importante de sigilo sobre a corrupção no movimento olímpico, justamente para permitir que os suspeitos possam ser identificados antes que provas desapareçam. (Jamil Chade, correspondente)
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