Agronegócios
02/06/2022 14:45

PIB agro/CNA/Renato Conchon: queda no 1ºTRI22 ante 1ºTRI21 tem a ver com base alta de comparação em 21


Por Tânia Rabello e Isadora Duarte

São Paulo, 02/06/2022 - O coordenador do Núcleo Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Renato Conchon, considera que a queda do Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário deve passar por análise mais profunda do que a considerada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo do PIB. Segundo ele, a queda de 0,9% no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o quarto trimestre de 2021 "não pode ser considerada uma base de comparação por causa da sazonalidade típica do setor agropecuário". E, mesmo que sejam comparados o primeiro trimestre de 2022 com o primeiro trimestre de 2021, quando o IBGE apontou queda de 8% no PIB agro, Conchon lembra que, em 2021, o País "partiu de uma base muito alta de comparação, com safra recorde", daí a queda tão acentuada de um trimestre para outro.

"O IBGE argumenta, nesta queda na comparação anual, que o clima adverso no início de 2022 influenciou principalmente a produção de soja, arroz e mandioca", explica Conchon. "Mas, analisando-se os dados não é principalmente por causa de adversidades climáticas", observa. Para Conchon, embora no primeiro trimestre essas lavouras tenham enfrentado, sim, alguma adversidade climática, no ano passado, em igual período, o País estava colhendo uma safra recorde de soja. "E também a safra de arroz em 2021 foi historicamente muito boa", acrescenta. "Ou seja, nossa base de comparação em 2021 é uma base muito grande para ser comparada com 2022, por isso a queda agora", diz Conchon, o que não quer dizer que o primeiro trimestre de 2022 tenha sido tão desfavorável ao agro como os números apontam.

"Nós tivemos, sim, restrições climáticas no Sul do País e também em Mato Grosso do Sul, o que influenciou para baixo a produção de 2022", considera. Já para a mandioca, o relatório do IBGE apontou queda de 2,7% no primeiro trimestre deste ano em comparação com igual intervalo do ano passado. "Mas, neste caso, há mais fatores envolvidos do que somente restrição climática", pontua Conchon. "Lembramos que, ao longo do ano passado, os preços pagos aos produtores de mandioca estavam em patamares historicamente muito baixos, o que desestimulou o aumento de área este ano - e essa redução de área pesou mais sobre a geração de valor da cultura do que especificamente o clima." Conchon diz que em 2022 houve queda de 22% na produção de mandioca. "Ou seja, a queda não foi relacionada ao clima, mas à redução de área e aos preços."

Outras culturas não mencionadas pelo IBGE também pesaram para o desempenho negativo do PIB agro, chama a atenção Conchon. "Estou falando principalmente de hortifrútis", cita. "Houve queda na produção de batata inglesa (-5,5% no PIB do primeiro trimestre em comparação com o primeiro trimestre de 2021), tomate (-7,8%) e uva (-12,2%)", relata. "Essas quedas expressivas também são associadas a menor área plantada." Segundo ele, é importante o Ministério da Agricultura ampliar o financiamento a juros subsidiados no próximo Plano Safra, que se inicia oficialmente em 1º de julho, para que o produtor se sinta estimulado a aumentar esses plantios - tão essenciais para o consumo doméstico e para girar a economia.

Contatos: tania.rabello@estadao.com e isadora.duarte@estadao.com
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