Agronegócios
23/04/2021 09:01

Nestlé Brasil intensifica ações de sustentabilidade na cadeia de chocolates


Por Isadora Duarte

São Paulo, 23/04/2021 - A Nestlé Brasil está intensificando suas ações de sustentabilidade na cadeia de chocolates. As iniciativas acompanham o compromisso global da companhia de tornar a marca KitKat neutra em emissão de carbono até 2025, anunciado ontem. O plano prevê reduzir em mais de 50% as emissões de carbono geradas pelo fornecimento de seus ingredientes, pela fabricação de seus produtos e sua distribuição.

No Brasil, a fabricante, líder no segmento de chocolates, pretende expandir as ações de agricultura regenerativa, controle e rastreamento do cacau e o uso de energia renovável na sua operação logística. "Somos a empresa que mais compra cacau no Brasil e a que mais vende chocolate para o consumidor brasileiro. Esse anúncio é muito importante, porque acreditamos que temos responsabilidade em assegurar a sustentabilidade da nossa cadeia", afirmou o vice-presidente de Chocolates da Nestlé Brasil, Liberato Milo. A área de Chocolates da Nestlé Brasil é a que terá a maior fatia de investimento neste ano, em torno de R$ 260 milhões - parte deste montante será destinada para as políticas de sustentabilidade.


Liberato Milo, VP de Chocolates da Nestlé Brasil FOTO: Divulgação

Milo avalia que a adoção deste novo compromisso global foi possibilitada por um trabalho de longo prazo da empresa em práticas sustentáveis que englobam toda sua cadeia - da produção ao varejo -, intensificado na última década. "Nossa fábrica no Brasil, por exemplo, recebeu investimento de centenas de milhões de reais para assegurar o funcionamento da planta somente com energia renovável", comenta. "Acho, inclusive, que vamos conseguir alcançar essa meta no Brasil até um pouco antes de 2025", prevê o executivo.

A ambição de cumprir a meta de ter a linha KitKat neutra em carbono no País antes do prazo previsto é embasada, segundo ele, em dois fatores: maior sensibilidade da sociedade brasileira à agenda ambiental e presença das tecnologias mais avançadas na operação nacional. "O Brasil tem uma posição estratégica para a Nestlé. É o centro tecnológico da operação de chocolates, o que temos de mais avançado em tecnologia está aqui", acrescentou Milo. Entre as tecnologias de ponta, ele cita o fato de a fábrica de chocolates da empresa em Caçapava (SP) ser totalmente abastecida com energias de fonte renováveis e ser a primeira do grupo a atingir esse marco, em 2017 - bem antes da meta prevista para 2020 e da meta global para o fim de 2025. "Foram investidos milhões de reais para trocar toda a matriz energética da fábrica."

Segundo a empresa, a maioria das emissões de carbono da linha KitKat ocorre nas cadeias fornecedoras, como cacau e leite. "Ainda há muito para ser feito nas fazendas brasileiras. É onde temos responsabilidade como indústria de melhorar a qualidade, a tecnologia e buscar um cacau mais sustentável", observa Milo. Para fazer frente a esta questão, no âmbito da cadeia produtiva, a empresa quer ampliar o número de propriedades rurais brasileiras participantes do programa global de certificação Nestlé Cocoa Plan. O programa certifica a amêndoa produzida em áreas livres de desmatamento e com sistemas agroflorestais.

No último ano, a empresa aumentou o número de propriedades rurais no programa. De 270 em 2019 para 1.093 ao fim de 2020. Essas propriedades geomonitoradas estão localizadas no Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Pará e Rondônia. "O objetivo é alcançar mais de 10 mil fazendas nos próximos três anos. A meta é atingir 100% da cadeia de fornecimento de cacau brasileira certificada até 2025", afirma o head de Chocolates da Nestlé Brasil, Leandro Cervi. Hoje a linha KitKat é feita no País 100% com cacau sustentável e rastreável, acrescenta o executivo. "Pelo fato de comprarmos todo o cacau (a ser utilizado no próprio País), no Brasil, temos o controle de onde vem a amêndoa, sabemos quem produz e podemos apoiar o agricultor, assegurando que ele use as técnicas mais sustentáveis", aponta Cervi.

Na área logística, a Nestlé trabalha para tornar a frota menos dependente de combustíveis poluentes e fósseis. "Esse é um dos principais desafios no Brasil, porque o País ainda tem a logística muito atrelada a caminhões e ao modal rodoviário", comenta Milo. Neste mês, a empresa começou a utilizar veículos elétricos, movidos a gás natural veicular e a biometano na sua frota de distribuição. A companhia prevê ter mais de 100 veículos deste tipo transportando seus produtos até o fim de 2022, o que responde por 10% da frota que hoje atende a empresa. A iniciativa, segundo a Nestlé, vai contribuir para reduzir 5,7 mil toneladas de gás carbônico por ano e terá o aporte de R$ 15 milhões.

Outra frente que a companhia trabalha é a promoção da reciclagem e reaproveitamento de suas embalagens. Nos próximos meses, a subsidiária brasileira pretende anunciar um novo programa neste sentido, antecipa Milo. A meta global da Nestlé é tornar 100% de suas embalagens recicláveis ou reutilizáveis até 2025. "Acho que também vamos conseguir bater essa meta antes. Hoje, 95% de nossas embalagens são prontas para serem recicladas", considera Milo.

No escopo de agricultura regenerativa, além de incentivar o uso de insumos menos sintéticos e o manejo de solo menos invasivo, a Nestlé também aposta no plantio de árvores nas fazendas produtoras de cacau. Em todo o mundo, até 2025, a empresa pretende plantar mais de 5 milhões de árvores. No Brasil, a indústria está plantando 1 milhão de árvores na região da Mata Atlântica. Quanto à emissão de carbono por atividades de fora de sua cadeia fabril e de distribuição, a multinacional vai intensificar a aquisição de créditos de carbono a fim de cumprir a meta de neutralizar a emissão do produto.

Para além - O planejamento estratégico da Nestlé prevê expandir o selo carbono neutro para outras linhas de chocolates e demais produtos. De acordo com Milo, a fabricante está se preparando para adotar a meta nas suas demais linhas. "Pouco a pouco todos nossos negócios vão entrando nessa toada de neutralização e redução da pegada de carbono", destaca. Ele lembra que recentemente a Nespresso, marca de cápsulas de café da empresa, assumiu o compromisso de ser neutra em emissão de carbono até 2022. "Conhecemos muito bem os desafios das propriedades agropecuárias do Brasil, sejam elas de leite, café ou cacau. E, como grupo, vamos trabalhar para fazer isso acontecer.".

Para Milo, além de a sustentabilidade ser um dos compromissos que norteiam a marca Nestlé, a maior cobrança do consumidor por produtos sustentáveis acelerara as estratégias da empresa. "Hoje, o consumidor cobra diretamente, nas redes sociais. Ele quer saber quanto que o produto polui, onde que o cacau é produzido e de que forma é. Precisamos estar ativos", pontua. A empresa também acredita que iniciativas deste mote podem engajar e sensibilizar os seus pares da indústria. "Como líder do setor, a nossa esperança é que os concorrentes se unam a esses compromissos. Temos responsabilidade, sendo líderes, em dar o exemplo", afirmou.

Contato: isadora.duarte@estadao.com
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