Agronegócios
26/04/2024 16:29

Agrishow: maior feira agrícola da América Latina começa no domingo, sem público; portões abrem na 2ªfeira


Por Audryn Karolyne

São Paulo, 26/04/2024 - Considerada a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, a Agrishow começa no domingo (28), em Ribeirão Preto (SP), com um público restrito: apenas autoridades e expositores estarão na abertura. Depois do mal-estar na edição passada, em que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, se sentiu "desconvidado" e não apareceu e o ex-presidente da República Jair Bolsonaro foi aclamado pelo público, os organizadores decidiram inovar, antecipando a inauguração para o domingo, com abertura dos portões para os visitantes apenas na segunda-feira (29). A feira vai até o dia 3 de maio (sexta-feira) e deve reunir um público de mais de 195 mil pessoas.

Deixando de lado as questões políticas, o evento é o maior do agro em termos de negócios. Na edição de 2024, a organização prevê ao menos repetir os resultados do ano passado, quando o faturamento foi de R$ 13,3 bilhões. A cautela se deve à quebra de produção da safra de grãos em 2023/24 e aos preços mais baixos de soja e milho. Mas a avaliação é a de que, ainda que menos capitalizados, produtores brasileiros tendem a manter os investimentos, até mesmo para fazer frente a ciclos de rentabilidade mais baixa, como o atual. Em entrevista no início de abril, o presidente da feira, João Carlos Marchesan, citou o aumento de expositores como um sinal dessa aposta: nesta edição mais 100 expositores se juntarão aos 700 da feira anterior.

Entre os novos participantes estará, por exemplo, a Addiante, joint venture da Gerdau e RandonCorp, de locação de máquinas pesadas, que busca fortalecer a presença da marca no setor agropecuário, que hoje representa 30% dos seus negócios. Também estreante, a fabricante de robôs Yaskawa Motoman aposta na demanda do campo por robotização, e apresentará ao setor seu serviço de automatização de solda para fabricantes de máquinas e implementos agrícolas. O plano da empresa japonesa é crescer sua fatia de faturamento no setor, hoje em 10%, para 30% do total nos próximos cinco anos.

Tradicionalmente uma feira de tecnologia agrícola, de equipamentos e máquinas, a Agrishow 2024 também deve reverberar notícias recentes de Brasília, como a aprovação, na terça-feira passada (23), pelo Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex/Camex), da proposta de criação de cotas de importação para determinados itens da siderurgia. A importação desses produtos específicos dentro da cota não altera as alíquotas em vigor. Fora da cota, a taxa de importação vai a 25%, por prazo determinado.

Entidades do setor agropecuário acreditam que tal decisão pode encarecer máquinas e silos agrícolas, pressionando ainda mais as vendas em um ano que já tem expectativa de recuo de 15% na comercialização de tais equipamentos, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). No mesmo dia da aprovação da proposta sobre cotas, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), foi taxativo: "Aumento de imposto de importação às vésperas da Agrishow prejudica as vendas do setor", afirmou.

Mas as empresas do setor mostram otimismo. Ao Broadcast Agro no início da semana, a Kepler Weber, empresa líder em armazenagem de grãos no Brasil, previu vendas aquecidas na Agrishow. "O silo mais caro é aquele que o agricultor não tem", resumiu o CEO, Bernardo Nogueira. "O produtor sabe que a eficiência dele depende de unidades de beneficiamento e armazenagem de grãos."

Entre as fabricantes de máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras, a John Deere, uma das líderes no setor, admite um recuo nas vendas, mas "pouco significativo". E a New Holland segue apostando na modalidade de consórcios para a feira, que durante 2023 movimentou R$ 1,3 bilhão, enquanto a Massey Ferguson crê que culturas como cana-de-açúcar, café e hortifrútis devam recompensar o menor apetite de produtores de grãos.

No setor de insumos, a Syngenta, de proteção de cultivos, chega à feira com uma novidade: tecnologia de Inteligência Artificial (IA). A Bayer também aposta em lançamentos de tecnologias que incluem uma IA feita em parceria com a Microsoft, com foco em aumentar a produtividade do agricultor em um ano atípico. Já a Corteva está investindo em inovações em sementes, proteção de cultivos e biológicos, enquanto a Yara terá seu foco em nutrição de plantas.

Para atender ao setor interessado em investir, os grandes bancos sinalizam que não faltará crédito. Entre as cooperativas de crédito, a Credicitrus tem expectativa de movimentar R$ 400 milhões em volume de negócios, 15% a mais do que em 2023. O Santander aposta, para a Agrishow, em taxas de administração de consórcio a partir de 12,9% e na possibilidade de oferecimento de crédito com taxas pós-fixadas para agricultores que não podem esperar o novo Plano Safra, que deve ser lançado até junho.

A abertura no domingo está marcada para começar às 11h e tem a presença confirmada do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Contato: audryn.karolyne@estadao.com
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