Agronegócios
12/11/2020 08:27

Marfrig/Miguel Gularte: vendas internas e externas foram turbinadas por dólar e auxílio emergencial


Por Julliana Martins

São Paulo, 12/11/2020 - O CEO da Operação América do Sul da Marfrig Global Foods, Miguel Gularte, disse na noite de ontem (12) que o mercado de proteína animal brasileiro viu um movimento de alta na demanda, que favoreceu as indústrias frigoríficas. Segundo ele, enquanto as exportações foram turbinadas pelo dólar competitivo, as vendas no mercado doméstico tiveram como impulso o auxílio emergencial do governo federal. "O movimento foi muito harmônico também em todas as opções comerciais, com a Marfrig focada nos produtos de maior valor agregado, principalmente na venda de hambúrgueres durante a pandemia", disse.

O executivo reforçou a decisão da companhia de trabalhar com produtos processados e atribuiu a isso parte do resultado financeiro no terceiro trimestre do ano e no acumulado até setembro, que foram divulgados há pouco. E acrescentou que com o foco na produção de industrializados a empresa está mais protegida de variações expressivas no custo da matéria-prima e no valor da arroba do boi gordo. "É fato que o mercado interno tem margens menores, muito apertadas, mas empresas como a nossa, que são eficientes, podem exportar e têm um volume de produtos industrializados com o qual conseguem sobreviver e lucrar", afirmou.

Gularte admitiu que a companhia havia previsto no orçamento uma alta nos preços da arroba no quarto trimestre do ano, "mas o que pouca gente previa é que seria nessa magnitude". "Cerca de 75% dos abates brasileiros vão para o mercado local e vai ficando difícil de conseguir repassar o valor de R$ 280 da arroba", acrescentou ele. O executivo destacou a oferta baixa de animais prontos para o abate por causa de um atraso nas chuvas, mas disse que quando essa distorção das condições climáticas for corrigida, a arroba deve voltar a patamares próximos da normalidade. "Não seria plausível esperar a manutenção desses preços para os próximos períodos", disse ele, ressaltando que esta é apenas uma opinião, sujeita a erros.

Com essa perspectiva, Gularte contou que a Marfrig se preparou para esse cenário, através de uma série de melhorias na eficiência operacional, diminuindo os custos fixos, aumentando a produtividade e aprimorando o rendimento. Segundo ele, essa estratégia funciona em qualquer cenário, independentemente da variação cambial e das perspectivas para os mercados interno e externo.

O executivo também comentou sobre as exportações da empresa e disse que sempre que o dólar permite uma margem maior de lucro, eles direcionam um maior volume de produtos para o mercado internacional. Quanto à China, que foi destacada pela Marfrig em seu resultado do terceiro trimestre de 2020, Gularte disse que não está mais vendo um movimento de desabilitação de plantas brasileiras. "As unidades que tiveram suspensões temporárias pelos chineses já voltaram a exportar e, no interior, onde estão muitas fábricas, a pandemia está em franco declínio", disse. No terceiro trimestre do ano, China e Hong Kong foram responsáveis por mais da metade do faturamento obtido com os embarques na Operação América do Sul da Marfrig.

Em relação ao coronavírus, ele afirmou que a empresa está muito mais preparada para todos os desafios trazidos pelo vírus e que os protocolos sanitários se enriqueceram e já são muito mais eficazes do que no início do ano. Gularte lembrou que as operações da Marfrig não foram afetadas de forma significativa pelas medidas restritivas para conter a doença, exceto pela unidade de Várzea Grande, que já retomou a utilização da capacidade produtiva observada antes da covid-19.

contato: julliana.martins@estadao.com
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