Por Clarice Couto
São Paulo, 24/12/2020 - A Valley, marca de equipamentos de irrigação do grupo norte-americano Valmont e líder global em irrigação de precisão, deve superar o crescimento de 8% registrado no ano passado e fechar 2020 com receita 20% maior. A taxa básica de juros (Selic) em 2% ao ano e a maior rentabilidade dos agricultores brasileiros na safra 2019/20 foram cruciais para que a empresa e o setor atingissem crescimento acima da média, disse ao Broadcast Agro o diretor presidente da Valmont no Brasil, Renato Silva.
"O produtor plantou soja e milho com custos de produção em real, quando o dólar valia R$ 3 e pouco, e colheu com o dólar a R$ 5. Então sua rentabilidade foi histórica, e isso fez com que investisse mesmo em um momento de incertezas como o da pandemia de covid-19", afirmou. "Após a instabilidade vivida até junho, tivemos um segundo semestre muito aquecido."
Em 2020, 250 mil novos hectares passaram a ser irrigados no País, elevando a área total com a tecnologia a 7,250 milhões de hectares, segundo Silva. Cresceram tanto as lavouras irrigadas pelo sistema de pivô central (carro-chefe da Valley), que pulveriza água e insumos sobre a planta, quanto outros métodos, como o de gotejamento, que libera pequenas doses direto na raiz. A demanda foi liderada por produtores de soja e milho, mas o setor sucroalcooleiro também foi importante para o resultado. "O grande sustentador das vendas foram os grãos, mas as commodities (agrícolas) em geral estão indo muito bem", disse.
A busca por irrigação é uma forma de fugir dos riscos inerentes ao clima e garantir umidade ao solo mesmo em épocas sem chuvas. A área irrigada no Brasil, entretanto, é irrisória comparada aos 67 milhões de hectares dedicados à atividade agrícola no País na temporada 2020/21, que começou em julho e vai até junho de 2021. Poderia chegar a 55 milhões de hectares irrigados, segundo ele, fazendo referência a um estudo da Esalq/Usp.
Condições não faltam. "O Brasil detém 14% da área potável do mundo e metade de seu território está sobre aquíferos (onde há água armazenada). A China irriga 60 milhões de hectares. A Índia, 66 milhões", afirmou.
Ele não revela o faturamento da Valley no Brasil, mas diz que no mundo a Valmont fatura em torno de US$ 3 bilhões com diversos segmentos além de irrigação, como iluminação urbana, telecomunicações e outros. O setor de irrigação como um todo deve movimentar no Brasil em torno de R$ 2 bilhões em 2020, segundo Silva, 20% a mais do que em 2019. Cerca de metade é sustentado por vendas de pivôs centrais, de cujo segmento a Valmont é líder com 60% de participação.
Com o incremento em receita, a Valley pretende aumentar sua rede de distribuição de produtos. O plano é sair dos 82 pontos de venda atuais, abrir em torno de dez novos por ano, até somar 120 em três anos. A expansão deve ser mais acentuada no Centro-Oeste, no Maranhão, Tocantins e Bahia. Hoje os revendedores da marca estão mais concentrados em Minas Gerais, mas há lojas também no Sul, parte do Nordeste e do Norte e no Estado de São Paulo. "No Norte e Nordeste se irriga pouco, no Paraná também. Mato Grosso tem potencial de crescimento muito grande, o Centro-Oeste como um todo", disse.
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