Agronegócios
13/05/2021 08:25

JBS registra lucro líquido de R$ 2,045 bilhões no 1TRI21 e reverte prejuízo líquido do 1TRI20


Por Julliana Martins

São Paulo, 13/05/2021 - A JBS encerrou o primeiro trimestre de 2021 com lucro líquido de R$ 2,045 bilhões, ou R$ 0,81 por ação, revertendo o prejuízo líquido de 5,933 bilhões verificado em igual período de 2020, informou a empresa. A receita líquida foi recorde em R$ 75,251 bilhões, aumento de 33,2% em relação aos R$ 56,481 bilhões do primeiro trimestre do ano passado. Já o Ebtida ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 75,8%, de R$ 3,912 bilhões para R$ 6,876 bilhões. A margem ficou em 9,1%.

A dívida líquida da companhia somou R$ 57,173 bilhões, 0,4% superior ao reportado em igual trimestre de 2020, de R$ 56,970 bilhões, em virtude da desvalorização do real frente ao dólar. Em dólares, a dívida líquida diminuiu 8,4%, de US$ 10,958 bilhões para US$ 10,035 bilhões. Já a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, ficou em 1,76 vez em reais e 1,67 vez em dólares no primeiro trimestre, contra 2,77 vezes e 2,17 vezes, respectivamente. Na comparação com o índice do trimestre anterior, o último de 2020, a alavancagem teve um aumento, já que no período estava em 1,56 vez em reais e em 1,58 vez em dólares.

Em entrevista ao Broadcast Agro, o diretor Financeiro Global da JBS, Guilherme Cavalcanti, explicou que, na relação trimestre a trimestre, a alavancagem aumentou porque, "embora o Ebitda tenha crescido, a dívida líquida também ficou maior, com base em um caixa negativo". A empresa queimou R$ 629,4 milhões em caixa nas atividades operacionais, principalmente por causa do pagamento de R$ 1,1 bilhão referente aos acordos para encerrar processos da Pilgrim's Pride com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ, na sigla em inglês) e em relação a práticas antitruste. O fluxo de caixa livre, dessa forma, ficou negativo em R$ 3,5 bilhões.

Segundo o executivo, sazonalmente o primeiro trimestre costuma ter queima de caixa por causa de uma série de pagamentos. Neste ano, entretanto, a dívida líquida cresceu em relação ao quarto trimestre de 2020 em reais e em dólares não apenas por causa de fatores sazonais, mas também em função de detalhes não recorrentes e pelo movimento de recompra de ações realizado em janeiro e em abril. "Nos primeiros quatro meses do ano, se somarmos o valor utilizado para recompra de ações chega a R$ 3,5 bilhões", disse.

Em relação à variação cambial, a empresa não registrou efeitos significativos por causa de um rebalanceamento das dívidas realizado em 2020, que levou a uma redução na exposição da dívida em dólar. Cavalcanti disse que a JBS trabalhou para diminuir a dívida de terceiros da controladora, além de ter iniciado um gerenciamento de passivos na dívida entre companhias. "Com isso, a gente reduz a necessidade de hedge cambial também, junto com a queda na exposição cambial."

O resultado financeiro líquido da empresa ficou negativo em 1,172 bilhão de reais, contra um resultado negativo de 9,087 bilhões no primeiro trimestre de 2020.

Por unidade de negócio, o maior crescimento no Ebitda ajustado foi da JBS USA Pork, com alta de 212,6%, seguido pela JBS USA Beef, com avanço de 148,5%, e pela Pilgrim's Pride, que teve aumento de 68,8%. O Ebitda ajustado da Seara e da JBS Brasil caíram 5,2% e 30,1%, respectivamente.

Em relação à marca brasileira Seara, em comunicado enviado à imprensa a companhia explica que a redução no Ebitda decorre do aumento expressivo dos custos de produção, em especial farelo de soja e milho. "Estes aumentos vêm sendo parcialmente mitigados graças ao foco em eficiência operacional, aliado ao aumento de preços de venda, bem como um melhor mix de mercados, canais e produtos", afirma.

No primeiro trimestre do ano, a Seara teve receita líquida 34,4% maior do que em igual período do ano anterior, para R$ 7,842 bilhões. A companhia atribui o resultado a um aumento de 18,1% no volume vendido e de 13,8% no preço médio de venda. As vendas no mercado interno, que responderam por 50% da receita da unidade, totalizaram R$ 3,9 bilhões, aumento de 33,4% ante igual período de 2020. No mercado externo, a receita líquida da Seara foi de R$ 3,9 bilhões, um crescimento de 35,4% em relação ao primeiro trimestre de 2020.

A JBS Brasil também apresentou redução nas margens de lucros, em razão dos custos de produção, desta vez o encarecimento do boi gordo, cuja arroba já passa das R$ 300. Em receita, contudo, houve crescimento de 41,3%, para R$ 11,533 bilhões. A JBS disse que o mercado doméstico foi responsável por 61,5% da receita obtida pela unidade, somando faturamento de R$ 7,1 bilhões, 41,4% a mais que em igual período do ano passado. "O destaque é a linha de carnes in natura, que apresentou aumento de 22,3% no preço médio e de 6,4% nos volumes". Já no mercado externo, a receita foi 41,2% maior na mesma base comparativa, a R$ 4,4 bilhões.

Segundo a empresa, as vendas de carne bovina in natura, que corresponderam a 85% das vendas do negócio no mercado externo, tiveram crescimento tanto em volume quanto em preços, com destaque para China e Hong Kong.

Na América do Norte, a oferta de gado mais ampla ainda favorece as margens da JBS USA Beef, além da recuperação acelerada da demanda do mercado doméstico com a reabertura dos estabelecimentos de food service na região. É isso que também ajuda a compensar os desafios enfrentados na Austrália e na Nova Zelândia, onde os preços de gado terminado ainda estão muito altos, em decorrência de uma queda brusca na oferta, causada por problemas climáticos no continente. "Isso impactou negativamente as exportações para os Estados Unidos e outros países relevantes. Por outro lado, a produção de carne de boi terminado em confinamento tem sido mais estável e tem garantido o volume de vendas para o Japão e a Coreia do Sul", acrescenta a JBS.

Contato: julliana.martins@estadao.com
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