Por Julliana Martins
São Paulo, 09/03/2021 - A Marfrig Global Foods encerrou o quarto trimestre de 2020 com lucro líquido de R$ 1,171 bilhão, alta de 4.252% em relação ao lucro de R$ 27 milhões de um ano antes, informou a companhia no início da noite de ontem (8). O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado teve avanço anual de 30,3%, para R$ 2,108 bilhões, ante R$ 1,618 bilhão em igual período do ano anterior. A receita líquida aumentou 28,5% nos últimos três meses do ano, de R$ 14,218 bilhões nos últimos três meses de 2019 para R$ 18,266 bilhões em 2020.
De acordo com a empresa, o fluxo de caixa livre operacional ficou em R$ 1,5 bilhão, 165% a mais do que o verificado no quarto trimestre de 2019. Já a dívida líquida caiu de US$ 3,301 bilhões para US$ 2,897 bilhões no período. Dessa forma, a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado, passou de 2,74 vezes no quarto trimestre de 2019 para 1,60 vez.
Com o resultado, o Conselho de Administração da Marfrig decidiu propor em Assembleia Geral Ordinária, agendada para 8 de abril, o pagamento de R$ 141 milhões em dividendos. O valor é equivalente a 50% do lucro líquido distribuível aos acionistas, ou R$ 0,20 por ação.
A companhia atribuiu o resultado à retomada das atividades das indústrias frigoríficas nos Estados Unidos, onde as fábricas da Marfrig já atuam com 100% da sua taxa de utilização; ao crescimento das exportações na América do Sul; à melhora dos preços da carne no Brasil e à desvalorização cambial. No Brasil, os executivos ressaltam que a empresa enfrenta o desafio de lidar com um mercado doméstico enfraquecido, sem capacidade de absorver o repasse dos custos motivado pela disparada na arroba do boi. Nesse sentido, a Marfrig optou por destinar mais produtos para exportação e aumentar o mix produtivo de industrializados.
A operação América do Norte, capitaneada pela National Beef, registrou receita líquida de US$ 2,342 bilhões no quarto trimestre, em linha com o verificado em igual período do ano passado, quando a receita foi de US$ 2,339 bilhões. O Ebitda ajustado ficou em US$ 307 milhões, alta de 6%, com margem de 13,1%. O lucro bruto avançou 8,9% ante o ano anterior, para US$ 373 milhões. Nos EUA, a empresa destaca o retorno do volume de abates aos níveis observados antes da pandemia do coronavírus, conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) citados no comunicado enviado à imprensa. A National Beef representa, atualmente, 73% da receita líquida total da Marfrig e 80% do Ebitda consolidado.
Já a Operação América do Sul, que engloba Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, teve receita líquida recorde de R$ 5,613 bilhões no quarto trimestre de 2020, alta de 22,5% na comparação anual. Além disso, o Ebitda ajustado do segmento avançou 5,6%, de R$ 458 milhões para R$ 484 milhões, enquanto o lucro bruto chegou a R$ 730 milhões, 9,8% a mais na mesma base comparativa. De acordo com a companhia, os resultados refletiram a alta de 23,8% no volume de exportações, o aumento de 27,5% no preço médio da carne bovina no mercado doméstico e a variação cambial de 31,1%, com avanço do dólar ante o real.
Em entrevista, o vice-presidente de Finanças e de Relações com Investidores da Marfrig, Tang David, afirmou que a variação cambial beneficia a empresa no âmbito da receita. Isso porque 90% da receita consolidada da empresa é indexada em dólares, por causa das exportações da América do Sul e das operações nos Estados Unidos. Por outro lado, a desvalorização do real eleva a dívida medida em reais. "Esse ano fizemos um exercício de aumentar a nossa dívida indexada em reais de 5% no começo do ano para 11%", disse, acrescentando que a conversão também se deu por causa de um momento mais vantajoso em relação ao custo de captação em reais. Segundo ele, essa estratégia pode se manter em 2021. "Temos espaço para aumentar a dívida em reais, mas isso precisa ser avaliado pelo custo."
Acumulado - A Marfrig informou, ainda, que fechou 2020 com lucro líquido anual recorde de R$ 3,3 bilhões, cerca de 1.200% a mais do que o de 2019. A receita líquida foi a maior da história, em R$ 67,5 bilhões e o Ebitda ajustado somou 9,6 bilhões de reais, quase o dobro do de 2019. A National Beef teve receita 6,5% maior em relação a 2019, a US$ 9,4 bilhões. Além disso, o lucro líquido cresceu 40,8%, para US$ 1,7 bilhão e o Ebitda somou US$ 14 bilhão, aumento de 46,5%. Na América do Sul, a receita chegou a R$ 18,6 bilhões, alta de 25,4% ante 2019. O lucro bruto subiu 65,1%, para R$ 2,9 bilhões e o Ebitda aumentou 106%, para R$ 2,1 bilhões.
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