Agronegócios
16/07/2020 17:17

Tereza Cristina: se quiserem que preservemos mais do que prevê o Código Florestal vamos conversar


Por Tânia Rabello

São Paulo, 16/07/2020 - A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse há pouco que o Brasil e o setor agropecuário do País precisam "dar informações corretas e de maneira clara e transparente sobre meio ambiente" para os críticos da política ambiental do País. "Precisamos falar o que é bom e também o que temos de corrigir", disse ela, ao responder às questões de consultores da Necton, em live promovida nesta tarde.

Tereza Cristina acrescentou, no entanto, que não funciona a estratégia de simplesmente acusar os países que criticam o desmatamento no Brasil de eles já terem acabado com suas florestas. "Eles acabaram mesmo (com as florestas deles), mas isso já acabou. Temos de ser pragmáticos e fazer com que eles venham nos ajudar", continuou. Sobre os detratores do Brasil, que ficam exigindo que se preserve mais do que o Código Florestal prevê, ela foi enfática: "Eles querem que preservemos mais do que o Código Florestal exige. Aí, porém, é outra conversa. Precisamos ver o que podemos tirar de vantagem disso."

A ministra citou o movimento recente de investidores estrangeiros, que ameaçaram retirar recursos do Brasil caso o governo não coloque um freio no desmatamento da Amazônia. "Eles estão preocupados porque hoje existe uma consciência ambiental no mundo; não adianta a gente achar que não existe e reagir a ela", continuou. "Temos de fazer deste limão uma limonada, mas, em primeiro lugar, vem a soberania do nosso País. Quem dará o destino para o Brasil serão os brasileiros", assinalou.

A ministra voltou a repetir um discurso recorrente, de que o Brasil é o país que mais preserva a natureza no mundo. "Temos um Código Florestal muito rígido; ninguém tem um código como o nosso, mas precisamos mostrar o que estamos fazendo. Não adianta só dizer. Temos de comprovar o que fazemos de bom e não só deixarmos que mostrem nossas mazelas." De todo modo, ela reconheceu que a "temperatura" em relação às críticas ao Brasil está alta, sobretudo no setor ambiental. "Precisamos ter bom senso e baixar essa temperatura para mostrar o que temos de bom e as mazelas que temos e corrigi-las."

Sobre a Amazônia, ela observou que há muita desinformação, inclusive a respeito do gigantismo do Brasil. Tereza Cristina citou que a agricultura ocupa apenas 2% do bioma amazônico e a pecuária, 12%. "A agricultura brasileira não é feita na Amazônia. Ela é feita num pedaço da Amazônia Legal. É difícil as pessoas de fora entenderem o tamanho do nosso país e isso provoca muita confusão na comunicação." A ministra lembrou que o País não precisa crescer sua agricultura na Amazônia. "Temos vastas áreas de pastos degradados do Cerrado, temos o Matopiba (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia)...", exemplificou. Mas ela disse, contudo, que o Brasil, com seu gigantismo, "incomoda" seus concorrentes globais. "Outro dia, participando de uma reunião na União Europeia, ouvi uma pessoa me dizer que a UE não iria importar carne do Brasil, que eles iriam nos impedir de vender carne para lá."

Indagada, ainda, sobre se o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, não estaria atrapalhando as tentativas de o setor agropecuário brasileiro se firmar como sustentável aos olhos do mundo, ela discordou. "O ministro Ricardo Salles não é uma pedra no meu sapato. Nós temos um diálogo muito franco e aberto e ele entende as nossas questões", disse. "É claro que a pasta dele é cuidar do meio ambiente; a minha, da agricultura, mas elas não andam separadas". Tereza Cristina enfatizou, ainda, que as pessoas "têm de entender" que há legislação ambiental no Brasil e que ela é rígida. "O que falta, por vezes, é segurança jurídica, com extrema judicialização de processos", afirmou.

Contato: tania.rabello@estadao.com
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