Agronegócios
28/07/2021 08:28

Milho/Sindicarnes/SC: importação se deve à baixa oferta e não a preço


Por Julliana Martins

São Paulo, 28/07/2021 - O diretor do Sindicarnes de Santa Catarina, Jorge Luiz de Lima, disse que as indústrias do setor de proteína animal do Estado têm importado mais milho e farelo de soja dos países vizinhos, especialmente da Argentina e do Paraguai. Na visão dele, porém, a estratégia visa a resolver a baixa disponibilidade dos cereais, e não necessariamente contornar os altos preços pedidos pelos produtores locais. "O que acontece é que o milho está preso nas mãos das tradings, que priorizam o mercado externo, ainda que as empresas estejam dispostas a pagar o mesmo preço pedido internacionalmente", disse ele. "A dificuldade é fazer com que o produtor venda para as agroindústrias nacionais; estamos pedindo é disponibilidade do produto".

Segundo Lima, a preocupação com os preços mais altos é real, mas as indústrias entenderam que não há espaço para recuo das cotações neste momento. Lima diz que a saca de 60 quilos de milho vem sendo negociada a R$ 103 na região de Chapecó (SC), para retirada imediata. Já os volumes importados da Argentina por navio chegam ao País com um preço 10% menor.

O diretor da entidade lembra que as compras externas de milho pelas empresas catarinenses não são uma novidade, já que há um gargalo de cerca de 3 milhões de toneladas por ano entre o que é produzido e o que é consumido. Porém, um fator adicional neste ano é o efeito da estiagem e do ciclone bomba observados há um ano, que levaram a uma redução de 700 mil toneladas na produtividade do Estado, segundo ele.

A importação do grão no momento corresponde a cerca de 5% do total consumido para a criação de aves e suínos em Santa Catarina, mas tem potencial de aumentar de maneira significativa, projeta Lima. "O volume importado pode ser muito maior do que é hoje. Inclusive há empresas se unindo para fazer um único pedido e fracionar as sacas aqui."

Por enquanto, a entidade não tem dados mais específicos sobre essas compras. Os números devem ser conhecidos quando os carregamentos começarem a chegar no Brasil. Ele acrescentou que o Paraguai tem se mostrado um mercado forte e promissor para o milho e o farelo de soja e que comprar dos Estados Unidos ainda não é uma realidade para a indústria catarinense, mas uma perspectiva. Quanto aos preços internos do cereal, o diretor do Sindicarnes avalia que, enquanto o mercado de exportação estiver aquecido, o patamar não deve mudar. "É por isso que precisamos ver além do preço do grão, mas olhar com atenção para o abastecimento", completou.

Contato: julliana.martins@estadao.com
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