Agronegócios
28/06/2024 17:33

Bionergia e Unica contestam fala de executivo da BYD, considerando-a injusta e hostil


São Paulo, 28/06/2024 - A Bioenergia Brasil e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) divulgaram, há pouco, nota conjunta criticando as declarações da chinesa BYD, maior fabricante de carros elétricos do mundo. As entidades consideraram "injustas" as manifestações da BYD em relação ao governo brasileiro e à sua abordagem de mobilidade sustentável. "Ao dizer que existem vários governos, a mensagem sugere a inexistência de coordenação por parte do Presidente da República", dizem a Bionergia Brasil e a Unica, na nota conjunta. "Vindo de uma empresa brasileira seria ruim; de uma estrangeira soa hostil."

Nesta semana, o conselheiro especial da BYD, Alexandre Baldy, contestou proposta do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, atual ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), de incluir os veículos elétricos na lista do Imposto Seletivo, ou "imposto do pecado", que propõe sobretaxar, na reforma tributária, bens e serviços que causem danos à saúde ou ao meio ambiente, como bebidas alcoólicas e açucaradas, cigarros, jatinhos e lanchas, além da extração de petróleo e minério de ferro.

Para Alckmin, o governo não escolhe a rota tecnológica para o desenvolvimento de futuros automóveis e, no caso dos elétricos, é preciso levar em conta o fator poluente da fabricação das baterias e de como é gerada a energia que vai abastecê-las.

Após a proposta, Baldy, da BYD, declarou que "os governos são distintos, existem vários governos dentro do mesmo governo". E complementou: "Na avaliação de quem está tomando a frente da reforma tributária e que enviou os projetos de lei complementares para concluir a reforma tributária, a visão do Ministério da Fazenda é muito clara e inclusive foi cético sobre essa recomendação do MDIC". O executivo da empresa chinesa disse, ainda, ser "surpreendente" que a Fazenda esteja sendo desenvolvimentista, no aspecto da transição energética para uma neoindústria, "e o MDIC, o qual deveria ser desenvolvimentista, está sendo retrógrado".

Sob este aspecto, a Bioenergia/Unica avaliam que há um "descompasso" com a verdade quando o executivo da BYD considera "ninguém menos que o vice-presidente da República" como uma pessoa "retrógrada", "justamente no dia em que o programa Mobilidade Verde, depois de enviado pelo Executivo, aprovado com praticamente unanimidade pelo Congresso Nacional, é sancionado pelo Presidente da República". Para as entidades, o Mobilidade Verde é "um marco para a mobilidade sustentável global, à medida que o Brasil se torna o primeiro país do mundo a levar o tema a sério, medindo as emissões dos veículos em todo o ciclo produtivo".

As entidades dizem também que, "além de ofender a República brasileira", a manifestação da BYD "afronta a ciência, na medida em que não admite o fato de que veículos elétricos tenham pegada de carbono considerável".

Para a Bioenergia/Unica, a busca pela mobilidade sustentável e pela economia de baixo carbono "passa pelo entendimento respeitoso entre todas os atores envolvidos, incluindo as esferas pública e privada". "Não é com ofensas que se avança. Pelo contrário, a crise climática exige esforço conjunto e ético", reforçam, e acrescentam que "o Brasil tem dado, ao mundo todo, exemplos importantes de como conduzir políticas públicas de incentivo à descarbonização e, ao mesmo tempo, abrir diálogos e incentivar o desenvolvimento. E é assim que devemos seguir".
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