Por Vinicius Neder
Rio, 10/11/2020 - A previsão de queda de 2,4% na produção nacional de arroz em 2021 interfere pouco na dinâmica de preços do grão, e algum alívio na inflação do produto é esperado para o início do próximo ano, quando será colhida a nova safra, afirmou há pouco Alfredo Guedes, gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Isso porque a produção de 10,8 milhões, estimada no primeiro Prognóstico para a Safra Agrícola do próximo ano, divulgado mais cedo pelo IBGE, é praticamente equivalente ao consumo doméstico nacional, afirmou Guedes. A evolução de preços seguirá, portanto, mais atrelada às cotações do dólar e à dinâmica do comércio exterior.
Ao longo de 2020, a alta do dólar incentivou as exportações de arroz, num ano em que a crise provocada pela pandemia de covid-19 deu algum impulso à demanda interna. O governo federal chegou a baixar tarifas para incentivar a importação de arroz neste fim de ano, após o grão ser alçado ao papel de vilão da inflação de alimentos durante a pandemia.
O preço médio do arroz ao consumidor já acumula alta de 59,48% em 2020, conforme o IPCA, calculado pelo IBGE. No atacado, o arroz beneficiado avançou 25,92% apenas na primeira prévia do IGP-M de novembro, divulgada nesta terça-feira, 10, pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
“O consumo brasileiro é em torno de 10,5 milhões a 10,8 milhões de toneladas. O que tem acontecido é que o produtor brasileiro começou a exportar (em 2020). O câmbio favorece as exportações. Para manter esse arroz aqui dentro, só subindo o preço”, afirmou Guedes.
Com a entrada da nova safra, no início de 2021, o esperado é que os preços, provavelmente, “caiam um pouco”, disse Guedes. “Agora, após, no decorrer do ano, vamos ter que acompanhar o comportamento dos preços. Os produtores podem continuar exportando e, aí, vamos ter que importar para manter preço estável”, completou o pesquisador do IBGE.
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