Por Leticia Pakulski
São Paulo, 01/07/2021 - Os preços do frete para o agronegócio aumentaram 1,20% por quilômetro por eixo em maio na comparação com abril, atrás apenas do observado no setor de construção no período, que avançou 2,10%. Já os valores do transporte de produtos industrializados recuaram 0,26% na mesma base de comparação. Os dados fazem parte do Índice do Preço do Frete (IFPF) da plataforma de transporte de cargas FreteBras.
"Os preços dos fretes rodoviários são extremamente suscetíveis à lei da oferta e demanda. O volume de fretes vem aumentando exponencialmente, porque acompanha diretamente a produção, que tem sido recorde a cada mês", disse o diretor de Operações da FreteBras, Bruno Hacad. Em maio, os produtos do agronegócio que registraram maior volume de fretes na plataforma foram fertilizantes, soja, milho, açúcar e melancia, segundo Hacad.
O executivo disse ainda que a plataforma teve uma média de 30 mil novos caminhoneiros cadastrados por mês em 2021. "Mais motoristas estão usando a tecnologia para buscar e negociar fretes. Isso dará mais poder de negociação para eles", afirmou. Mas ainda há pressão por segurar os gastos com transporte, "já que o custo logístico onera toda a cadeia", conforme Hacad. A elevação do preço do frete do agro em maio ante abril não acompanha a alta do diesel no período, destacou o executivo. Na comparação de maio com o mês anterior, o diesel comum na bomba subiu 6,38%, segundo o relatório da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
No acumulado de 2021 até 29 de junho, o volume de fretes do agro na plataforma aumentou 62,39%, segundo Hacad, que ponderou que o interesse dos caminhoneiros por soluções digitais para melhor planejamento também tem crescido. "É difícil fazer uma previsão exata, já que o ambiente é de muita incerteza durante a pandemia, porém acreditamos que é possível esperar um aumento gradativo nos preços do frete do agro, considerando a pressão natural dos caminhoneiros por aumentos para cobrir os gastos e a inflação."
Os dados que compõem o IFPF se baseiam no fluxo da FreteBras, principalmente nas informações extraídas da tecnologia Análise de Rota, oferecida pela empresa para os clientes analisarem o custo do frete nas rotas desejadas. A plataforma tem mais de 540 mil caminhoneiros cadastrados e 13 mil empresas assinantes, e os fretes publicados cobrem 95% do território nacional.
Considerando todos os tipos de frete, não só o do agronegócio, a região Norte foi a que apresentou o quilômetro por eixo mais caro do País em maio, com o valor de R$ 1,09. Na sequência, estão Nordeste (R$ 1,02), Centro-Oeste e Sul, ambos com R$ 0,99, e Sudeste (R$ 0,98). Na comparação de maio de 2021 com igual período do ano passado, a região Sudeste apresentou a maior alta no preço do frete, de 2,33%, enquanto no Centro-Oeste houve queda de 1,23% no preço por quilômetro rodado por eixo.
Contato: leticia.pakulski@estadao.com
