Agronegócios
10/08/2021 11:41

IBGE/Carlos Barradas: dados da safra em julho não captam totalmente efeito do frio; previsão é de queda


Por Vinicius Neder

Rio, 10/08/2021 - As estimativas de julho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a safra agrícola de 2021, divulgadas mais cedo, ainda não captaram todos os efeitos negativos da seca e, principalmente, das ondas de frio sobre a produção nacional e poderão piorar ainda mais, disse há pouco Carlos Antônio Barradas, analista de Agropecuária do órgão de estatística. Por isso, as perspectivas para os próximos Levantamentos Sistemáticos da Produção Agrícola (LSPAs) são de ajustes para baixo nas estimativas de produção.

“A estimativa de trigo está bastante elevada. Alguns Estados ainda não informaram os problemas nem com a seca e, principalmente, com as geadas. As estimativas devem cair mais”, afirmou o pesquisador do IBGE.

Na projeção de julho do IBGE, a safra agrícola de grãos de 2021 deverá totalizar 256,1 milhões de toneladas, alta de 0,8% em comparação com 2020, mas 0,9% abaixo da estimativa de junho. Foi o quarto mês seguido de redução. O milho de segunda safra foi o principal responsável pelos ajustes para baixo. Conforme o LSPA de julho, a segunda safra de milho de 2021 será de 65,2 milhões de toneladas, 5,9% abaixo da estimativa de junho.

Segundo Barradas, a segunda safra de milho já enfrentava dificuldades associadas ao atraso no plantio. Isso porque a temporada de chuvas do verão passado, tradicionalmente iniciada em outubro, demorou a chegar. Com isso, o plantio da safra 2020/2021 de soja foi adiado, provocando adiamentos no milho de segunda safra, plantado nas mesmas áreas da soja, após a colheita.

A segunda safra de milho precisa ser plantada até meados de abril, para aproveitar ainda a umidade dos solos, explicou Barradas. O atraso no plantio, portanto, dificultou esse processo de aproveitamento. Com a seca mais forte do que o esperado, parte do milho plantado está se perdendo.

As geadas provocadas pelas ondas de frio no Centro-Sul agravaram o quadro, mas seus efeitos negativos ainda não foram totalmente captados pelo LSPA de julho. Segundo Barradas, apenas nas edições de agosto e setembro, quando a colheita do milho de segunda safra estará praticamente encerrada, os números das perdas ficarão mais claros.

A produção de trigo também poderá passar por revisões para baixo nos LSPAs dos próximos meses, já que a cultura acabou de ser plantada. Na edição de julho, a estimativa é de uma safra de 8,4 milhões de toneladas, salto de 34,8% ante o ano passado, quando houve quebra. Só que o trigo é uma cultura de inverno. As geadas chegaram quando os campos estavam plantados há pouco, numa fase do desenvolvimento menos vulnerável ao frio. A continuidade da estiagem e novas ondas do frio podem ameaçar essa projeção.

Contato: vinicius.neder@estadao.com
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