Por Augusto Decker
São Paulo, 15/12/2020 - A safra 2021/22 de cana-de-açúcar, que começa em abril do ano que vem, deve ter moagem menor do que a atual, projeta o diretor Técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues. "É difícil dar números sobre a próxima safra, mas ela deve ser menor", afirmou ele há pouco em entrevista coletiva de fim de ano da entidade. "Hoje, quando você anda no canavial, ele está verde, mas a cana está curta porque deixou de se desenvolver por um bom período. Tivemos um veranico muito prolongado, que vai afetar a produtividade agrícola", completou. A produtividade também dependerá das condições climáticas nos próximos meses. "Vamos ver como será em janeiro, fevereiro e março", disse Rodrigues.
Outros dois fatores podem fazer com que a próxima temporada tenha produção menor do que a atual: queimadas e migração de área. "As queimadas, acidentais ou criminosas, vão afetar a oferta do próximo ano", disse o executivo. "E podemos ter queda de área no Centro-Oeste por substituição da cana para outra cultura." Além do açúcar, preços de commodities, como soja e milho, também estão em níveis altos, o que pode incentivar a migração.
Com o recuo da produção de cana e, provavelmente, do ATR, o volume de açúcar também deve cair, de acordo com Padua. "Dependendo da oferta de cana e da redução na qualidade de matéria-prima, a produção de açúcar pode ser reduzida em volume significativo", disse ele. "Este ano, foram produzidas 2,5 milhões de toneladas só pela diferença do ATR. Então se o ATR voltar, vamos ter uma redução grande." Mesmo com a menor produção, ele afirma que o País deve continuar tendo uma parcela expressiva do comércio internacional do adoçante, já que muitos produtores fixaram vendas para as safras 2021/22 e 2022/23.
O etanol, lembra ele, pode não cair na mesma proporção por causa do aumento na produção do biocombustível à base de milho.
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