Agronegócios
30/11/2021 13:04

Tecnologia: Gaivota, de gestão e inteligência de dados, prevê atender 50% dos maiores players do agro


Por Isadora Duarte

São Paulo, 30/11/2021 - Há mais de quatro anos operando em “stealth” - termo usado para definir as startups que atuam em modo invisível, longe dos holofotes da concorrência - a agtech brasileira Gaivota se apresenta hoje oficialmente ao mercado. A startup detém um software “vertical” de gestão de processos e inteligência de dados para players do agronegócio, voltado a revendas de insumos, bancos, tradings - empresas que têm relação comercial com o produtor rural. “O foco são todos aqueles que fazem negócios com o produtor, que prestam serviço à fazenda, compram ou comercializam para a propriedade rural, sejam bancos, tradings, químicas, revendas ou cooperativas”, diz o CEO e co-fundador da startup, Alexandre Spitz, em entrevista exclusiva ao Broadcast Agro.

Pela plataforma, a empresa acompanha todo o histórico comercial e o seu fluxo de negócios com os agricultores parceiros - de compra, venda e financiamento do produtor, além do monitoramento da safra e acompanhamento ambiental da propriedade agrícola. Segundo Spitz, a solução digitaliza e torna inteligentes os fluxos de trabalho das indústrias relacionadas ao agronegócio e dos players que possuem relação comercial com o produtor rural em um único software. “Uma indústria ou revenda de insumos, por exemplo, monitora e acompanha todo o processo desde a visita técnica ao campo, o pedido comercial, à entrega da venda, assim como o banco monitora todo o fluxo de crédito e a trading da originação de grãos e fazem a gestão integrada de mercado, clientes, negócios e de risco”, explica Spitz. Na prática, a empresa que adota o sistema digitaliza o seu fluxo de negócios e processos operacionais, monitora a safra de seu entorno e tem acesso à verificação do risco socioambiental das áreas e propriedades de sua região.

O software é chamado de vertical por atender toda a indústria do agronegócio em uma mesma plataforma por meio de inteligência de dados, inteligência artificial (IA) e machine learning embutidos, e não ser focado na resolução de algum problema específico. O sistema fica alocado em nuvem e pode ser adotado desde pelas indústrias de pequeno porte até pelas de grande porte. Spitz garante que a ferramenta assegura maior eficiência operacional e dados inteligentes para tomada de decisões estratégicas dos players e assegura negócios sustentáveis. Na ponta do monitoramento da safra e acompanhamento ambiental da propriedade agrícola, rastreia as lavouras de soja com informações atualizadas a cada cinco dias. “Possuímos os dados e módulos de mapeamento de toda a soja produzida nos cinco maiores municípios produtores do País”, exemplifica Spitz, mencionando planos de expansão para culturas como milho, algodão e cana-de-açúcar.

Todo o monitoramento de dados e acompanhamento da safra tem um componente ESG, que serve como uma espécie de compliance ambiental para quem realiza comercialização com a propriedade rural. Por meio de informações geradas por satélites, inteligência artificial e cruzamento de dados de órgãos como Ibama, o software dispõe de acompanhamento ambiental com resolução de até 10 metros dos talhões e automatiza a análise socioambiental das propriedades. “A ferramenta digital e de dados acaba com a discussão se o Brasil desmata ou não desmata, se aquela lavoura de soja tem ou não problema de desmatamento. Há uma gigantesca maioria fazendo certo e a ferramenta pode comprovar”, aponta Spitz. A comprovação da sustentabilidade, exigida pelos pares internacionais do Brasil, é também um importante vetor para o fechamento de negócios entre os players do agro e o produtor rural - demandada pelos clientes da Gaivota. “Com o monitoramento da plataforma, a empresa do setor consegue identificar se uma área é ou não de desmatamento, garantir o fornecimento seguro e com clareza da rastreabilidade da cadeia agrícola”, avalia o CEO da Gaivota.

Nesta nova fase “pública”, a Gaivota vai expandir também sua atuação em número de clientes. Hoje, a startup atende a um número restrito de clientes, entre grandes empresas químicas do setor como Bayer, tradings agrícolas e rede de revendas de insumos agrícolas. A perspectiva, conta Spitz, é atender mais de 50% dos maiores players do agro até o fim de 2022. “Nossa presença no setor já é significativa e vai ficar muito mais significativa até o fim do próximo ano. Estamos em conversas muito avançadas com químicas, tradings e bancos do setor”, aponta Spitz, que prefere manter em segredo os valores nominais e projeções de faturamento da startup.

Outra estratégia para ampliar a capilaridade e alcançar potenciais empresas do agro é a disponibilidade gratuita a partir desta terça-feira de parte dos módulos do software para 100 empresas brasileiras. “Elas terão acessos a três módulos para experimentação na safra 2021/22: cadastro e monitoramento de parceiros comerciais, mapa de visualização de inteligência geoespacial das fazendas relacionadas e análise territorial socioambiental automatizada”. As companhias serão escolhidas com base em três categorias: aquelas que são referências no setor, aquelas que são parceiros dos atuais clientes da Gaivota e um grupo público de empresas que atuam com agro. “Depois, em segundo momento eventualmente mais vagas serão abertas para outras empresas. Começamos com o lançamento para 100 em direção de termos milhares de clientes até o fim de 2022”, pontua Spitz.

Para sustentar a estratégia de expansão e alavancar o crescimento da Gaivota, uma nova rodada de investimentos deve ser aberta em breve, antecipa o CEO. “Existe interesse de investidores, mas no momento ainda não estamos em captação”, comenta. Fundos de venture capital como Canary, Valor Capital Group, Alexia Ventures e Mandi Ventures Group já aportaram recursos na startup. As cifras, contudo, não são reveladas.

Contato: isadora.duarte@estadao.com
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