Por Isadora Duarte*
Luís Eduardo Magalhães (BA), 31/05/2022 - O investimento dos produtores baianos de algodão em novos negócios durante a 16ª edição da Bahia Farm Show vai depender, especialmente, da disponibilidade de máquinas e equipamentos, avalia o presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Luiz Carlos Bergamaschi. "Pelo que sabemos, não há máquinas disponíveis a pronta entrega e não há tempo hábil para as empresas importarem as máquinas ainda para a próxima safra (22/23). As escalas das empresas estão lá para frente", disse Bergamaschi, ao Broadcast Agro . "Muitos negócios já ocorreram em feiras que nos antecederam e falta componentes para a produção da tecnologia embarcada geram essa baixa disponibilidade dos equipamentos", explicou o presidente da Abapa.
De acordo com o dirigente, é necessário que a indústria realize pedidos de importação das máquinas de alta tecnologia usadas no cultivo de algodão com um ano de antecedência da safra. "Então, para a safra 2022/23, não daria tempo de importar. Os trabalhos de campo tendem a ser realizados com máquinas que o produtor já tem."
A maior parte do aporte realizado pelos cotonicultores baianos na feira destina-se à safra 2022/23, que será plantada no Estado a partir de novembro deste ano. Segundo Bergamaschi, o foco dos produtores baianos de algodão na Bahia Farm Show costuma ser a aquisição de máquinas e equipamentos, já que neste período os insumos para safra de verão 2022/23 costumam estar praticamente comprados em sua totalidade.
Além da baixa disponibilidade das máquinas e equipamentos agrícolas, o alto preço dos equipamentos, em virtude do aumento do aço, também pode frear investimento robusto dos cotonicultores, na opinião de Bergamaschi. "O valor vai limitar menos que a oferta, porque a agricultura precisa melhorar a cada dia e muito dessa melhora passa pelas máquinas. Mesmo com os preços elevados, há necessidade de o produtor renovar a frota", apontou o presidente da Abapa. A renovação da frota, avalia Bergamaschi, contribui para eficiência e redução de custos dos produtores, o que pensa na decisão de investimento, apesar dos preços e dos juros elevados. "Em polinizadores, por exemplo, há novos modelos que trazem maior eficiência na aplicação dos insumos, o que reduz custos em cenário de custos muito elevados. Qualquer mecanismo que possa ser usado para tornar a atividade mais eficiente tem de ser buscado", observou o presidente da Abapa.
Em relação à agroindústria ligada à cadeia de algodão, Bergamaschi considera que a capacidade instalada de beneficiamento e de análise laboratorial do Estado atendem à demanda atual. Desta forma, não devem ser vistos fortes investimentos neste segmento ao longo da feira.
Sobre o impacto do cenário atual nos negócios, com preços remuneradores, de um lado, e juros elevados e Plano Safra 2022/23 indefinido, de outro, Bergamaschi avalia que a conjuntura será analisada individualmente pelos produtores. "Cada produtor irá fazer sua análise financeira se tem necessidade de adquirir ou se pode esperar, se consegue investir com recurso próprio e de quanto está disposto a pagar de juros", opina. Quanto aos preços remuneradores do algodão praticados hoje no mercado interno e que, em tese, deixariam o produtor capitalizado, o presidente da Abapa ponderou que a safra que está sendo colhida não foi comercializada nos níveis atuais das cotações. "A safra que está sendo colhida agora foi comprada com custo de insumo a preços menores e foi comercializada a preços menores. São preços remuneradores ainda, mas os valores atuais não refletem a média paga pela safra", observou Bergamaschi.
Segundo Bergamaschi, há grande expectativa dos produtores em relação à feira após interrupção por dois anos consecutivos em virtude da pandemia de covid-19. "Há grande ansiedade para o reencontro, o acesso à informação e às novas tecnologias. É oportunidade de fazer bons negócios, trazer tecnologia e retomar relacionamento que agrega no campo e torna a produção, cada vez mais, eficiente"”, apontou o presidente da Abapa.
A feira, realizada pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), começou na manhã desta terça-feira e se estende até o próximo sábado (4). A Aiba projeta que os negócios da feira movimentem mais de R$ 2 bilhões. A abertura oficial da Bahia Farm Show, que é uma das três maiores feiras agrícolas do País, será amanhã (1) às 10h com a presença do governador do Estado, Rui Costa (PT). Nesta terça-feira, o presidente da República, Jair Bolsonaro, visitará a feira, com previsão de chegada às 14h30.
*A jornalista viaja a convite da Aiba.
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