Agronegócios
08/04/2022 08:41

Café: estudo do Cecafé mostra que lavouras no Brasil sequestram mais carbono do que emitem gases


São Paulo, 08/04/2022 - Os cafezais sustentáveis do Brasil sequestram mais carbono do que emitem gases de efeito estufa na atmosfera. Isso é o que mostra o Projeto Carbono, desenvolvido pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e realizado sob condução técnico-científica do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e pelo professor Carlos Eduardo Cerri, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).

O projeto mediu a liberação e o sequestro de gases de efeito estufa (GEE) nas três principais regiões do maior Estado produtor de café no Brasil: sul, cerrado e Matas de Minas.

Considerando a transição do manejo tradicional para o mais conservacionista, na média das propriedades avaliadas, constatou-se um balanço negativo de carbono de 10,5 toneladas de CO2eq por hectare ao ano, evidenciando que a cafeicultura brasileira é um importante ativo para a mitigação das mudanças climáticas"

O resultado leva em consideração o balanço entre as 12,25 t CO2eq/ha/ano retidas no solo e na biomassa das plantas subtraída a 1,74 t CO2eq/ha/ano emitida por meio da aplicação de fertilizantes e de outros agroquímicos e do uso de combustíveis, eletricidade e calcário.

Segundo o estudo, fertilizantes nitrogenados são o principal causador do efeito estufa (42%), seguindo de calcário (28%) e combustíveis (17%). "O resultado para fertilizantes nitrogenados não foi surpresa", disse a coordenadora de Clima e Emissões do Imaflora, Renata Potenza.

As emissões de GEE foram estimadas com base no GHG Protocol, metodologia mais utilizada no mundo para quantificar emissões, em 40 propriedades típicas da cafeicultura mineira. Na etapa de campo, amostras de solo e de cafeeiros foram extraídas de quatro pares de propriedades representativas das realidades produtivas regionais, visando quantificar as variações nos estoques de carbono do solo em até um metro de profundidade e da biomassa da planta devido à adoção de práticas de manejo conservacionistas.

Propriedades tradicionais - Mesmo nas propriedades em que o café é produzido de forma mais tradicional, o resultado apurado pelo estudo é positivo, já que a atividade também sequestra mais CO2eq do que emite GEE, o que se explica pelo fato dessas práticas convencionais já serem mais avançadas em termos de sustentabilidade.

Com base nos resultados do estudo e em dados da literatura especializada, chega-se a um balanço negativo de carbono de 1,63 t CO2eq/ha/ano, computando-se as 3,40 toneladas sequestradas na biomassa da planta, em comparação com 1,77 tonelada proveniente das emissões da produção no campo, implicando que a cafeicultura convencional também é "carbono negativo".
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