Agronegócios
05/10/2021 08:06

Redução do etanol na mistura para piso de 18% teria pouco impacto na inflação e popularidade


Por Augusto Decker e Gustavo Porto

São Paulo, 05/10/2021 - Cálculos do BTG Pactual, a partir de preços e taxas de impostos em São Paulo, apontam que se a mistura do etanol anidro à gasolina fosse reduzida dos atuais 27% para o mínimo de 18%, a redução dos preços da gasolina na bomba seria de 0,6%, ou apenas R$ 0,04 por litro. O banco informou, em relatório, que essa diferença "faria pouco para efetivamente mudar a percepção de inflação ou ajudar a popularidade do governo".

O preço alto do etanol está relacionado à quebra da safra de cana e aos preços altos do açúcar - quando o adoçante se valoriza, usinas utilizam mais cana para produzir açúcar e menos para o biocombustível. Entre o início da atual safra, em abril, e a primeira quinzena de setembro, usinas do Centro-Sul haviam processado 6,62% a menos de cana do que um ano antes, segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Para evitar a redução na mistura, porém, o setor sucroenergético tem produzido um volume maior do etanol anidro - o tipo que é misturado à gasolina. Apesar da moagem menor de cana, a produção dessa variedade do biocombustível registra alta anual de 26,42%, também de acordo com a Unica. O Sistema de Acompanhamento da Produção Canavieira, realizado pelo Ministério da Agricultura, aponta que os estoques físicos de etanol anidro no País estavam em 4,06 bilhões de litros no dia 15 de setembro, o maior volume, pelo menos, dos últimos cinco anos para o período.

Pressão - Em compensação, setores, como o de distribuição de combustíveis, pedem a redução na mistura há meses. Em maio, a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) e outras entidades pediram em ofício ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque a redução temporária para 18%, mencionando baixa oferta do biocombustível e preços altos.

A reportagem obteve ofício de junho do ministro Albuquerque afirmando que, naquele momento, o MME não via necessidade de mudança no porcentual de mistura, e que continuaria acompanhando o mercado de abastecimento do biocombustível e da gasolina.

Contatos: augusto.decker@estadao.com e gustavo.porto@estadao.com
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