Economia & Mercados
01/08/2023 12:01

Especial: Atacarejos são destaques no segundo trimestre


Por Talita Nascimento

São Paulo, 01/07/2023 - Na semana passada, o setor de varejo alimentar surpreendeu positivamente o mercado com seus resultados. As duas principais empresas do setor, o Grupo Carrefour Brasil, dono da bandeira de atacarejo Atacadão, e o Assaí, outro atacarejo, mostraram números melhores do que o esperado, mesmo em meio à digestão de compras pesadas. Enquanto o Carrefour lutou para adiantar a conturbada integração do Grupo Big, o Assaí seguiu seu cronograma de reformas de lojas compradas do Extra Hiper.

A XP destacou a performance das lojas compradas do Extra Hiper que foram convertidas para a bandeira Assaí. Segundo os analistas, as lojas estão evoluindo conforme o esperado, tanto em vendas, como em margem Ebitda. A corretora destaca ainda que a receita líquida cresceu 20% em um ano, puxada pelo plano de expansão da companhia, o qual a XP considera forte, com 60 aberturas nos últimos 12 meses.

A companhia afirmou em seus resultados que as conversões, com média de oito meses de operação, conseguem alcançar faturamento mensal superior à média das lojas em operação da rede com mais de 12 meses. Quando comparadas com o resultado de um ano atrás, essas lojas vendem 2,5 vezes mais. A margem Ebitda desses estabelecimentos, depois de oito meses da conversão, chega no patamar de cerca de 6%.

Já no Carrefour o ganho de escala que a empresa conseguiu com as lojas anexadas ao seu portfólio ajudou em boas negociações com os fornecedores. Além disso, com os preços em queda, a empresa aproveitou para diminuir seu estoque e, assim, mostrou margens melhores do que os analistas calculavam.

Após a teleconferência de resultados, o Citi destacou como um dos pontos mais importantes da reunião a explicação da companhia para a evolução da margem bruta. “A empresa esclareceu que a expansão da margem bruta melhor do que o esperado estava ligada a uma combinação de maior alinhamento com os fornecedores sobre preços em meio ao ambiente de deflação e ao gerenciamento tático de capital de giro (operando com estoques mais baixos para capturar a tendência de preços)”, resumiram os analistas. Nesse tópico, o CFO da companhia, Eric Alencar, afirmou aos investidores que “o aumento de escala com a aquisição do Big ajudou na manutenção da margem”.

Vendas

Apesar das surpresas positivas, o trimestre foi desafiador para as vendas. Belmiro Gomes, CEO do Assaí, disse que os juros em patamar elevado e a inflação de alguns alimentos foram os principais obstáculos enfrentados pelo Assaí. As vendas em “mesmas lojas” (conceito que considera apenas as lojas que já estavam abertas há um ano), tiveram queda de 2%, mas apresentou melhora gradual ao longo do trimestre, alcançando nível positivo em junho, de acordo com a companhia.

Já Alencar, CFO do Carrefour, disse que, passado o período de conversões de lojas compradas do Grupo Big, a companhia deve focar na melhoria de vendas. Os efeitos da queda da inflação apareceram, principalmente, nas vendas em “mesmas lojas” do Atacadão: houve queda de 4,3%. A perspectiva de que os produtos tendem a ficar mais baratos desestimula os comerciantes que se abastecem no Atacadão a fazer grandes estoques.

Grupo Pão de Açúcar

Na contramão, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) viu alta de vendas, mas, mesmo sem compras para digerir, segue com dificuldade para ser rentável. A companhia registrou alta de 13,5% na receita líquida em comparação ao segundo trimestre de 2022 e totalizou R$ 4,7 bilhões. No conceito "mesmas lojas", o avanço foi de 6,4%, sendo que na bandeira Pão de Açúcar, o número foi ainda maior: 8,6%. No entanto, isso não mudou o encolhimento de margens da companhia, que segue no vermelho.

O GPA apresentou prejuízo líquido consolidado aos controladores de R$ 425 milhões no segundo trimestre de 2023. O resultado negativo é 146% maior do que a perda registrada um ano antes. Se consideradas apenas as "operações continuadas", o saldo ficou negativo em R$ 330 milhões, uma piora de 54,6% em relação ao mesmo período de 2022. Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, a margem bruta da companhia, que indica rentabilidade, ainda apresentou redução de 1,8 ponto porcentual, para 24,8%.

Apesar de não ser exatamente comparável ao GPA, o negócio de varejo do Carrefour teve desempenho bastante diferente. As vendas líquidas do varejo atingiram R$ 6,7 bilhões, com alta de 4,4% na comparação anual. As vendas em mesmas lojas (excluindo os postos de gasolina) ficaram estáveis, com queda de 2,7% em produtos alimentares e alta de 6,3% em não alimentares. A margem bruta, porém, subiu 0,5 ponto porcentual, para 24,4%.

Contato: talita.ferrari@estadao.comP
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