Brasília, 01/06/2017 - Os produtos manufaturados foram os mais impactados pela greve dos caminhoneiros, de acordo com dados do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior (MDIC). Houve redução de 46% nas exportações de manufaturados nas duas últimas semanas de maio, período da paralisação, ante as três anteriores. Os embarques de semimanufaturados caíram 37% e os de básicos, 31%.
Para o diretor de Estatísticas do MDIC, Herlon Brandão, isso ocorre porque os manufaturados são mais dependentes do modal rodoviário, enquanto os básicos, principalmente, utilizam outros meios, como o ferroviário. Além disso, produtos como soja e carnes tinham estoques nos portos. "Não quer dizer que não vamos sentir os efeitos daqui pra frente, ainda vamos sentir a redução do fluxo por algum tempo", afirmou.
A greve derrubou a média diária das exportações em 36%, passando de US$ 1,063 nas três primeiras semanas de maio para R$ 679 milhões nas duas semanas de paralisação. Já nas importações, a média passou de R$ 702 milhões nas três primeiras semanas para R$ 516 milhões nas duas últimas, uma redução de 26%.
Houve queda em vários setores, como automóveis (17%), calçados (30%) e autopeças (23%).
Para Brandão, a paralisação não deverá ser suficiente para impactar o resultado do ano e a previsão é de que o saldo seja positivo em cerca de R$ 50 bilhões. "Esperamos a recomposição dessas perdas", afirmou.
Pelo lado das exportações, o diretor ressaltou a venda recorde de soja em maio (12 milhões de toneladas) e nos cinco primeiros meses de 2018 (36 milhões de toneladas). Já nas importações, Brandão destacou as compras de bens de capital, que subiram pelo décimo mês consecutivo (29,4%). (Lorenna Rodrigues - lorenna.cardoso@estadao.com)