Por Talita Nascimento
São Paulo, 30/09/2021 - O CEO da Distrito - plataforma de inovação e aceleração de grandes empresas e startups -, Gustavo Araújo, disse que as startups voltadas para tecnologia do varejo, as retail techs, vivem um momento de valor de mercado mais alto. “Os valuations (avaliação de valor de mercado) dobraram nos últimos dois anos e meio. Para as melhores startups, eu diria até que o dinheiro virou commodity”, disse durante o Broadcast Live na tarde desta quinta-feira.
Ele explica que, além do crescimento do mercado de varejo digital durante a pandemia, o que possibilitou essa alta de preço foi a liquidez do mercado, já que, com a queda de juros no mundo, muitos investidores partiram para ativos de economia real, voltados para tecnologia.
“Uma rodada série A, que antes levantava de US$ 4 milhões a US$ 5 milhões, hoje levanta de US$ 8 milhões a US$ 10 milhões”, exemplifica Araújo. Para Walter Sabini Jr., CEO da HiPartners Capital Work - que anunciou recentemente um fundo de Venture Capital voltado a retail techs - esses valores tendem a subir ainda mais. “Vai ficar mais caro. Muitas pessoas viram o retorno financeiro das startups”, diz. Ele pontua que grandes fundos de Venture Capital têm recebido altos montantes, que os leva a irrigar o mercado com mais dinheiro e, assim, contribui para a alta dos ativos.
Apesar disso, ele acredita que há espaço para fundos especializados como o seu, que oferecem, além de dinheiro, a expertise de gestores experientes do varejo e buscam mais questões estratégicas, do que, necessariamente, valorização financeira. Araújo, da Distrito, concorda que, em tempos de muita liquidez, os investidores tem de aportar mais do que cifras milionárias: “Não é só sobre dinheiro, mas sobre o valor que o investidor traz para o negócio”. afirma.
Estrangeiros
Araújo afirma que os investidores brasileiros acordaram há 12 ou 18 meses para o mundo da tecnologia e das startups. Assim, o maior interesse em empresas do ramo ainda vem de fundos estrangeiros. Isso porque em lugares como China e Estados Unidos as empresas mais valiosas já são as de tecnologia, o que ainda não aconteceu no Brasil.
“Os fundos vem para fazer isso na América Latina nesta década. 2020/2030 é a década de transformação digital dessa região, e o Brasil tem cerca de 60% desse mercado”, afirma. Ele diz ainda que a Distrito mapeia cerca de US$ 10 bilhões de dólares já captados por esses fundos estrangeiros com destino às startups da América Latina. “Mesmo com ano mais complicado de eleição pela frente. Não estamos vendo fator de desaceleração desse mercado”, diz.
O Broadcast Live é um programa de entrevistas exclusivo que vai ao ar toda quinta-feira nas redes sociais. Para conferir a entrevista na íntegra, acesse os canais da Agência Estado no LinkedIn e no Youtube.
Contato: talita.ferrari@estadao.com
