Economia & Mercados
30/08/2018 20:20

Transição no comando do Bradesco está sendo muito positiva, diz Trabuc


Desde março deste ano na presidência do Conselho de Administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, avalia a transição de comando no segundo maior banco privado do País como "muito positiva" nesses quase seis meses desde que a mudança foi colocada em prática. Seu sucessor, Octavio de Lazari Júnior, além de "conhecer a casa", uma vez que exerceu uma carreira completa na organização, está, segundo ele, bem ajustado às expectativas dos controladores e acionistas da instituição no que tange ao desempenho.

O Bradesco segue, de acordo com Trabuco, uma direção que privilegia a solvência e a força do patrimônio, que são fundamentais para a prática bancária, principalmente considerando as regras de Basileia III, estabelecidas após a eclosão da crise norte-americana, em 2008. "O Octavio (de Lazari Junior) entende esse momento. Estamos numa fase de expectativa de um outro momento do Brasil, a fase em que o PIB possa crescer", disse ele, em entrevista ao Broadcast, plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Na opinião de Trabuco, o Bradesco tomou o passo certo ao adquirir, há dois anos, o HSBC no Brasil, pelo qual desembolsou R$ 16 bilhões. Pondera, contudo, que o momento da economia brasileira impactou eventuais ganhos do banco ao trazer para dentro de casa o último grande ativo disponível no País. "Foram dois anos de um ambiente de recessão e baixa atividade econômica brasileira", destacou.

Os ganhos de sinergia com o HSBC, conforme ele, estão apresentados no balanço, e no comparativo anual, as despesas do banco se reduziram. O Bradesco, ressaltou Trabuco, conseguiu operar as duas organizações com custos menores, mas pesa, contudo, o modelo de negócios do banco, que é de cobertura nacional. Em momentos positivos, explicou, a instituição consegue capturar as oportunidades que o Brasil oferece, mas também sofre mais em um cenário de recessão da economia.

Sem dizer quando o Bradesco vai recuperar o posto de segundo banco mais rentável do País, tomado pelo Santander Brasil desde o primeiro trimestre deste ano, Trabuco afirmou que o Brasil está saindo do ciclo de recessão e o modelo integral de atuação do banco tende a beneficiar a instituição frente aos seus concorrentes. Ao final de junho último, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do Santander foi a 19,5%, ante 18,4% do Bradesco.

"Estamos presentes em duas mil cidades que a concorrência não está. Isso é um custo e, evidentemente, as receitas dependem de o Brasil voltar a crescer. Cobertura nacional é um bônus nos momentos de crescimento econômico, mas nos momentos de recessão, é um custo maior que não é possível transformar. Isso vai acabar aparecendo no retorno sobre o patrimônio", garantiu Trabuco.

O presidente do Conselho de Administração do Bradesco afirmou ainda que o banco tem conseguido, ao longo de mais de sete décadas, capturar as melhores oportunidades do ciclo e do anticiclo econômico no País, bem como nos grandes momentos de ruptura tecnológica e processo de inovação. Sobre a renovação no quadro de talentos pela qual a organização passou durante sua gestão, ele ressaltou que mesmo sendo um "banco de carreira", tem conseguido incrementar seus colaboradores e fazer com que eles possam assumir posições. "É uma cultura muito singular", acrescentou.

Zelotes
Com tom de alívio, Trabuco falou brevemente, pela primeira vez, sobre seu indiciamento no âmbito da Operação Zelotes, que investiga compra de decisões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Segundo ele, o banco respeita a decisão da Justiça e todas as etapas do processo, referindo-se à decisão da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), na semana passada, que manteve trancada a ação penal contra ele por unanimidade. "Achamos que foi bom virar uma página. Não era agradável conviver com isso", afirmou.

Trabuco nunca sequer foi ouvido pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal sobre a acusação, feita há cerca de dois anos, de que membros da diretoria e do Conselho do Bradesco teriam atuado junto a servidores do Carf para anular um débito de R$ 3 bilhões com a Receita Federal. O julgamento, inclusive, teve como base uma ação que o banco perdeu em todas as instâncias da Justiça.

Tanto no Tribunal Regional Federal quanto no STJ, Trabuco foi inocentado por unanimidade por falta de provas que comprovassem que cometeu os crimes a ele imputados. Com a decisão da semana passada, o assunto Zelotes está definitivamente encerrado para Trabuco, uma vez que não cabem mais embargos por parte do MPF.
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