Por Wilian Miron
São Paulo, 19/07/2022 - A agência de classificação de riscos Fitch Ratings disse em relatório que o repasse de créditos de PIS/Cofins aos consumidores não deve pressionar os perfis de crédito da maioria das distribuidoras de energia, com exceção da Light.
Na avaliação da Fitch, a devolução significativa desses créditos na distribuidora fluminense pode aumentar o risco de descumprimento de acordos financeiros. No caso da empresa, o saldo foi de aproximadamente R$ 800 milhões, o equivalente a 40% do Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda, da sigla em inglês) consolidado nos 12 meses encerrados em março.
"Este é o maior percentual verificado entre os grupos. Para Cemig, Enel, EDP BR e Equatorial, o saldo representou entre 15% e 18% do EBITDA, e abaixo de 10% para Energisa e CPFL. A Celesc já havia optado pelo repasse integral, portanto suas projeções não mudam", diz trecho do relatório.
O relatório destaca, ainda, que para a Light, se o repasse for aprovado, a relação dívida líquida ajustada/Ebitda ajustado se aproximaria do gatilho de rebaixamento de 4,5x em 2022 e 2023, comparado a 4,2x no cenário base anterior.
"Considerando o cálculo de alavancagem definido nos covenants da dívida, a Fitch projeta indicadores próximos de 3,5x para o biênio, o que coincide com o nível acordado nos eurobônus. Qualquer violação dos covenants restringiria a distribuição de dividendos e a captação de novas dívidas. As demais dívidas do grupo Light estabelecem covenants de 3,75x para este indicador, cujo descumprimento pode acarretar vencimento antecipado".
A Fitch também lembrou que, por decisão judicial, a Light e a Equatorial Alagoas não foram consideradas na Revisão Tarifária Extraordinária (RTE). A agência de classificação de riscos também pontuou que, para as demais distribuidoras, a a saída de caixa não pressionará os índices de alavancagem.
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