Economia & Mercados
07/03/2022 14:07

Novo diretor-geral de Itaipu assume com missão de destravar orçamento da usina para 2022


Por Wilian Miron

São Paulo, 07/03/2022 - Alçado ao cargo de diretor-geral da hidrelétrica de Itaipu no fim de fevereiro, o almirante Almirante Anatalicio Risden Junior tem duas missões pela frente: avançar as negociações com o Paraguai para aprovar o orçamento da empresa neste ano, paralisado devido à falta de entendimento das diretorias dos dois países em relação aos gastos a serem realizados. A outra é avançar com as obras e a reforma nas linhas de transmissão que levam energia produzida na usina para os principais centros de carga do País no Sudeste.

A decisão deveria ter sido fechada em outubro, mas se arrastou por conta de divergências entre as diretorias dos dois países em relação à componente orçamentária. Enquanto do lado brasileiro prevalece o entendimento que é necessário reduzir os gastos para possibilitar uma redução no custo da energia, beneficiando o consumidor final, o Paraguai tem uma posição de usar politicamente sua participação em Itaipu, direcionando os dividendos da empresa para a realização de políticas públicas em diversas áreas. “Nossa empresa é por custo, que tem várias componentes. Chegamos a um consenso em várias delas, exceto a base orçamentária”, disse Risden Junior ao Broadcast Energia.


Risden Junior: Novo diretor brasileiro vai liderar negociações sobre orçamento da usina em 2022

Definir uma tarifa mais barata para a energia de Itaipu é uma das medida essencial para os planos do governo de mitigar a alta das tarifas de energia sobre os consumidores brasileiros, e o acerto com os paraguaios é essencial para garantir que esse plano avance.

Contudo, o diretor-geral brasileiro da usina disse que, enquanto o orçamento não é definido, a tarifa anterior de US$ 22,60 por quilowatt (kWh) continua vigente, e todas as atividades de Itaipu se mantêm se alteração. “A empresa está funcionando direitinho, aqui e lá, mas não temos uma base orçamentária e não sabemos qual será o custo (da produção de energia)”.

Risden Junior afirmou também que as obras que a usina tem tocado estão garantidas, inclusive a segunda ponte sobre o rio Paraná, que interligará o Brasil ao Paraguai.

Outro investimento que está garantido é a revitalização do sistema de Corrente Contínua de Alta Tensão (HVDC) de Furnas, que transporta 1,18 bilhão de megawatts-hora (MWh), o excedente de energia produzido na usina e destinado ao Paraguai para atender à demanda da região Sudeste/Centro-Oeste do Brasil. A obra custará R$ 1 bilhão em cinco anos, e contempla a substituição completa de componentes nas subestações de Foz do Iguaçu e Ibiúna. Em funcionamento há 36 anos, o sistema jamais recebeu reforma de grande porte.

Anexo C

Enquanto negocia a base orçamentária deste ano com o lado paraguaio, o novo diretor-geral de Itaipu tem atuado também dando suporte à negociação do Anexo C do Tratado de Itaipu, que pode acontecer a partir do ano que vem, quando a construção da usina completa 50 anos.

As discussões entre os dois países ocorrem por meio do Ministério de Relações Exteriores (MRE), com apoio técnico do Ministério de Minas e Energia (MME) e da direção da usina. "Nosso papel é subsidiar com orientações técnicas, preparamos todas as informações e levamos ao tomador de decisão".

Já em relação à saída de Itaipu da Eletrobras, que o governo pretende privatizar neste ano, Risden Junior disse que o processo caminha sem grandes sobressaltos. "Há apenas uma mudança, e em algum momento a Eletrobras deixará de comprar a energia de Itaipu e será a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBpar)", concluiu.

Contato: energia@estadao.comP
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