Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
Brasília, 23/10/2020 - O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, destacou há pouco que setembro foi o sexto mês consecutivo de saldo positivo nas transações correntes. Após o superávit de US$ 3,721 bilhões em agosto, o resultado ficou novamente positivo em setembro deste ano, em US$ 2,320 bilhões, o melhor resultado para meses de setembro na série histórica do BC, iniciada em janeiro de 1995.
“Durante toda a crise atual, o balanço de pagamentos tem sido superavitário. São seis meses seguidos de superávits que totalizaram US$ 13,2 bilhões de saldo. A última vez foi no segundo semestre de 2006, de julho a dezembro daquele ano”, apontou.
Na comparação com setembro do ano passado, houve uma melhora de US$ 5 bilhões em relação ao déficit de US$ 2,727 bilhões naquele mês. Segundo Rocha, essa virada foi causada pelo melhor desempenho do saldo comercial e da renda primária.
“A conjuntura atual favorece um superávit comercial maior, com uma redução maior nas importações do que nas exportações, devido à menor atividade econômica e à depreciação cambial”, detalhou. “Já na renda primária, há menor déficit devido ao comportamento dos lucros e dividendos, também afetados pela atividade e pela cotação do dólar”, completou.
Para Rocha, as transações correntes funcionam “ciclicamente”. “Em momentos de expansão da atividade, o déficit tende a aumentar. Em momentos de retração da atividade, o déficit tende a diminuir”, explicou.
No acumulado do ano, o déficit no balanço de pagamentos ficou US$ 30 bilhões menor. Até setembro, o rombo nas contas externas soma US$ 6,476 bilhões, ante um saldo negativo de US$ 36,748 bilhões no mesmo período de 2019. “Todas as rubricas são afetadas de forma similar no sentido de reduzir o déficit”, concluiu.
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