Por Cynthia Decloedt
São Paulo, 17/03/2022 - A B3 deve continuar sentindo o impacto da volatilidade nos mercados, especialmente da alta da taxa Selic, em suas receitas. Além de várias empresas terem se retirado da fila de ofertas iniciais de ações (IPO) desde o ano passado, a guerra da Rússia contra a Ucrânia e a aceleração do movimento de alta de juro limitam as ofertas subsequentes (follow ons), que eram a grande aposta do mercado.
Queda. As receitas da B3 no segmento listado apresentaram uma queda de 5,5% no quarto trimestre de 2021 frente ao mesmo período de 2020, atingindo R$ 1,645 bilhão. O segmento representou 67,7% das receitas totais no período, que caíram 4,2%, em base anual, por conta da desaceleração das receitas no segmento listado.
Não tanto assim. As variações são, de toda forma, modestas e os números absolutos continuam sendo robustos. Alguns de seus segmentos chegam a ser beneficiados pela alta do juro, como a renda fixa. O estoque de captação bancária, por exemplo, cresceu 5,2% e houve um aumento nas emissões de CDBs, que representaram 77% das novas emissões do quarto trimestre. Ainda, houve aumento de 15% no estoque de instrumentos de renda fixa corporativa.
Novas fronteiras. O desafio do cenário eleitoral e do contexto econômico do confronto da Rússia contra a Ucrânia, com implicações ainda incertas, não devem desviar a B3 da estratégia de diversificação do negócio para além do core.
Recado. O diretor Financeiro da B3, André Milanez, que assume o cargo de Diretor Executivo Financeiro, Administrativo e de Relações com Investidores, no lugar de Daniel Sonder, disse em podcast sobre o resultado do quarto trimestre que a B3 quer ser indispensável no mercado financeiro e além dele. Nesse sentido, a área de dados e analytcs deverá assumir cada vez mais protagonismo na Bolsa, segundo ele. No quarto trimestre, as receitas com tecnologia, dados e serviços registraram alta de 21,5% para R$ 371,7 milhões.
Contato: cynthia.decloedt@estadao.com