Por Talita Nascimento
São Paulo, 14/02/2021 - Em janeiro deste ano, a China enviou mais de 1,32 milhão de pares de calçados para o Brasil, 19,6% a mais do que no mesmo mês do ano passado. Todas as importações de calçados do País somaram 2,58 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 24 milhões, altas de 30% em volume e de 10,2% em receita ante o primeiro mês de 2021. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
A China já desbancou o Vietnã como principal origem das importações brasileiras de calçados em 2021, com crescimento mais acentuado nos últimos dois meses do ano. No entanto, o volume vindo de lá em janeiro é mais da metade do total importado no mês. O assunto preocupa a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), que afirma que a indústria brasileira tem dificuldades para competir com esses produtos.
As preocupações também se relacionam à proximidade de vencimento do prazo para renovar a sobretaxa para importação de calçados chineses. Desde 2010, quando foi adotada a sobretaxa (prática antidumping), a China não assumia o primeiro posto entre as origens das importações.
“Grandes consumidores de produtos chineses estão colocando restrições para produtos chineses. Quando se coloca essas restrições, a produção acaba sendo desovada em outros lugares”, diz Haroldo Ferreira, presidente da Abicalçados. Ele lembra que a taxação mais elevada sobre os produtos da China acontece porque o setor conseguiu comprovar que as práticas de produção desse país utilizam mão de obra precária. O antidumping, porém, precisa ser renovado desde março do ano passado, tendo prazo até março deste ano.
Enquanto isso, continua valendo taxação mais elevada acordada anteriormente. O receio é que, se mesmo com essa segurança os sapatos chineses passam a chegar aos montes e a preços muito competitivos, a não renovação do antidumping significaria o fim de muitas indústrias nacionais.
Ferreira, porém, se diz esperançoso quanto à renovação e afirma que o assunto já está encaminhado na Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Governo Federal. Para além disso, o setor demanda reforma tributária para que os produtos brasileiros possam chegar às prateleiras com preços mais baixos.
Em valores, a China segue na segunda posição, especialmente pelo fato de ter um preço médio baixo, de US$ 3,63 por par. No total, pelas importações chinesas foram pagos US$ 4,8 milhões, 46,3% mais do que em janeiro do ano passado. Em receita, as importações do Vietnã seguem liderando o ranking de origens. Em janeiro, foram importados de lá 452,7 mil pares, pelos quais foram pagos US$ 9,47 milhões, quedas de 24,2% em volume e de 23,5% em receita na relação com o mês correspondente de 2021.
No terceiro posto entre as origens do calçado importado em janeiro aparece a Indonésia. No primeiro mês de 2022, foram importados de lá 242 mil pares, pelos quais foram pagos US$ 4,8 milhões, altas de 123,5% em volume e de 61,3% em dólares na relação com o mês correspondente de 2021.
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