Economia & Mercados
20/04/2022 11:00

Exclusivo: participação do Brasil na produção total da Aura Minerals deve passar de 40%


Por Wagner Gomes

São Paulo, 19/04/2022 - O Brasil deve ganhar participação na produção total da Aura Minerals nos próximos dois anos. Em entrevista exclusiva ao Broadcast, Rodrigo Barbosa, presidente da companhia, disse que a unidade brasileira, especializada na produção de ouro, deve contribuir com mais de 40% dos negócios da empresa, desbancando o México, que hoje representa o maior parte do faturamento.

"Hoje, o Brasil responde por 23% da produção e deve assumir em dois anos um papel bem mais relevante dentro do portfólio da companhia passando de 40%. Os projetos de crescimento estão todos por aqui", afirmou.

Com ações listadas no Canadá e no Brasil, a Aura anunciou nesta terça-feira a compra de 100% da canadense Big River Gold por meio de um arranjo organizado, com base na cláusula 5.1 da Lei de Corporações Australianas de 2001. A empresa também informou que, junto com a Dundee Resources, formou uma joint venture da qual deterá 80%. A transação com a Big River foi realizada por meio da subsidiária da Aura, a Aura BidCo. Os acionistas da Big River receberão 0,36 dólares australianos por ação detida, o que resulta em uma avaliação da empresa de 91,7 milhões de dólares australianos (US$ 67,4 milhões).

"Nossa estratégia é crescer além de nosso atual plano de produção avançando em projetos de alta qualidade, próximos ao estágio de construção e que estejam localizados nas Américas, de preferência em jurisdições onde já estamos operando", disse Barbosa.

Até 2024, a Aura tem a meta de dobrar de tamanho, atingindo 480 mil onças. Para tanto, a empresa anunciou no ano passado um investimento de R$ 1,5 bilhão, sendo que cerca de dois terços do valor serão aplicados no Brasil.

De acordo com o executivo, o Projeto de Ouro em Borborema, no Rio Grande do Norte, enquadra-se bem nessa estratégia. Borborema, que deverá operar um projeto de ouro a céu aberto, tem uma estimativa de recursos minerais de 1,87 Moz Au a 1,14 g/t Au e um recurso mineral Inferido adicional de 0,57Moz Au a 1,0 g/t Au.

Jurisdição

Barbosa disse que os Estados Unidos e o Canadá têm as melhores jurisdições, mas que o Brasil se destaca na América Latina e América do Sul. Chile e Peru perderam destaque depois de alguns reveses em suas legislações. O Chile, por exemplo, ao rever a sua Constituição acabou criando uma série de insegurança jurídica para os investidores, segundo o presidente da Aura.

"Apesar das discussões políticas polarizadas no Brasil, as instituições estão suficientemente fortes e o desenvolvimento do setor mineral não é afetado. O País tem um potencial geológico enorme. Não conhecemos nem 25% do potencial geológico do Brasil, que tem uma das regras sociais e ambientais melhores do mundo. Isso sem falar na qualidade da mão de obra para a mineração", afirmou.

O executivo reconhece que a situação macroeconômica no Brasil é algo que preocupa, mas ele pondera que Aura produz ouro que é um 'hedge' em cenários de flutuações na economia. "A gente sempre vende tudo o que produz, não há problema de venda de mercado. E exporta 100%. A situação macro no Brasil não prejudica as vendas. O que pode atrapalhar é a inflação dos custos. Assim, é preciso ter cuidado para gerir. Agora, o produto é dolarizado e o preço do ouro tende a andar bem em períodos de alta inflação", disse.

No ano passado, a Aura produziu 269 mil onças (o correspondente a 7,6 toneladas) de ouro em minas localizadas em Brasil, Honduras, México e EUA. O Estado de Mato Grosso foi responsável pela maior parte da produção, em minas a céu aberto e subterrâneas. Para 2022, a previsão da companhia é elevar a produção anual de 260 mil a 290 mil onças de ouro, e o objetivo é atingir capacidade de produzir 400 mil onças em 2024.

Rodrigo Barbosa disse que o crescimento na produção virá por meio de dois novos projetos, o de Almas, no Tocantins, e o de Matupá, no Mato Grosso. Segundo ele, Tocantins está situada em região com formação geológica que tem abaixo da superfície os maiores depósitos de ouro do mundo. Nesse tipo de formação geológica são encontradas reservas de até 10 milhões de onças, afirmou.

"Talvez, estejamos na ponta de um iceberg. Existe ali um caminho grande para se investir.
Matupá, na divisa de Mato Grosso e Pará, também tem possibilidade de crescer. Temos também minas com vida útil menor do que gostaríamos, mas que ainda estão em expansão", comentou.

Contato: wagner.gomes@estadao.com
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