Por Lara Castelo, especial para o Broadcast
São Paulo, 25/10/2022 - A produção de produtos químicos recuou 1,39% em setembro em comparação com o mês anterior, mostram dados preliminares dos indicadores Abiquim-Fipe. Em relação ao mesmo período do ano passado, o declínio foi 9,76%.
O volume de importações teve um declínio expressivo com queda de 10,5% em relação ao último mês e 19% em comparação ao ano anterior.
Na contramão, as vendas internas cresceram 1,93% quando comparadas a agosto e 0,72% em relação a setembro de 2021, ocupando a maior parcela da demanda local.
Segundo a entidade, a demanda interna, medida pelo CAN (consumo aparente nacional), teve baixa de 7,9% em relação ao último mês de análise e de 13,8% em comparação com o último ano.
O nível de utilização da capacidade instalada, por sua vez, ficou no patamar de 66% em setembro, com declínio de quatro pontos em relação ao mesmo período do ano passado.
No que se refere ao índice de preços, o segmento teve deflação nominal de 7,82% no mês, após a queda de 1,33% em agosto.
Para Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, a indústria mundial, em especial a química, está passando por um momento desafiador em relação à energia, devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia. “Os preços dos energéticos em geral (óleo, gás e eletricidade) têm subido de forma intensa, a confiabilidade de suprimento tem sido prejudicada e não há expectativa de uma solução de curto prazo”, diz.
Fátima observa também que este cenário se soma a um momento pós pandemia de Covid-19, em que há impactos na inflação, nos juros, no encarecimento da logística internacional e na performance econômica de diversos países. “A indústria química europeia e a brasileira, que tem sua base de produção ancorada em matérias-primas oriundas do petróleo, sofrem diretamente com esse cenário adverso, sobretudo pela enorme dependência por matérias-primas importadas”, afirma.