Economia & Mercados
29/09/2021 18:03

Gerdau/Maia: mudança na forma de tributação desmotiva o investimento no Brasil


Por Wagner Gomes

São Paulo, 29/09/2021 - O gerente-geral de Relações com Investidores da Gerdau, Rodrigo Maia, disse há pouco que a mudança na forma de tributação proposta na Reforma desmotiva o investimento no Brasil, que já sofre com um alto grau de risco. Maia participou nesta tarde do 22º Encontro Internacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais. Em painel sobre os impactos da Reforma Tributária no dia a dia do RI, o executivo comentou que recebe muitos questionamentos de investidores sobre as mudanças nas regras da Reforma Tributária que está em discussão.

"Qualquer movimento de tirar um pedaço do lucro de alguém desmotiva o investimento. No RI, a maior parte das ligações é para saber o que vai acontecer com o dividendo. Juro sobre Capital Próprio é um diferencial no mercado de capitais brasileiro. O Brasil, para captar recursos, principalmente de equity, precisa de um diferencial, e o JCP sempre cumpriu esse papel", disse.

O texto da reforma tributária gira, principalmente, em torno do pagamento de Imposto de Renda e propõe, entre outras coisas, a tributação sobre dividendos e o fim da dedutibilidade dos juros sobre capital próprio. Segundo analistas, existem inclusive empresas que pretendem antecipar a distribuição do lucro temendo que, a partir de 2022, sejam obrigadas a pagar uma alíquota de 15% ou mais sobre esses bônus, ainda que o rendimento tenha sido apurado antes da mudança de regra.

"O investidor quer entender o que acontece. Ele pergunta se a empresa vai continuar distribuindo dividendos, se vai fazer recompra. O investidor montou uma carteira de oito empresas que ele entende que vai ficar por muito tempo com ela. Mas, de repente, o dividendo será tributado e o valuation que ele calculou para fazer o investimento muda em um decisão arbitrária", afirmou.

Marcelo Sá, estrategista-chefe do Itaú BBA, que também participou do evento, disse que a proposta deve gerar impacto desigual entre as companhias listadas na bolsa brasileira. Segundo ele, no setor de alimentos e bebidas, empresas como Ambev e M. Dias Branco, por exemplo, que têm uma dedução fiscal muito grande, teriam impacto negativo com as mudanças no benefício. A mesma coisa aconteceria com as empresas do setor de saneamento básico que distribuem boa parte do lucro em JCP. Em Telecom, ele citou a Vivo e, no setor bancário, Banco do Brasil e Bradesco. Ele disse que uma alternativa para manter o retorno para o acionista seria o aumento do endividamento, mas é uma alternativa que gera muita preocupação.

Contato: wagner.gomes@estadao.com
Para ver esta notícia sem o delay assine o Broadcast+ e veja todos os conteúdos em tempo real.

Copyright © 2024 - Todos os direitos reservados para o Grupo Estado.

As notícias e cotações deste site possuem delay de 15 minutos.
Termos de uso