Economia & Mercados
27/10/2021 09:37

UBS BB: atividade ambiental ilegal e má comunicação mascaram conquistas importantes do Brasil


Por Célia Froufe

Brasília, 27/10/2021 - Atividades ilegais e uma comunicação pobre sobre as ações do País mascararam conquistas importantes do Brasil na área de sustentabilidade e geram preocupações no mundo. A avaliação foi feita pela equipe de analistas do UBS BB, uma associação criada entre o banco suíço e o Banco do Brasil. Segundo relatório das instituições, um ponto positivo que é pouco observado é o que trata de avanços na área de energia renovável.

O País tem uma matriz elétrica com Gases de Efeito Estufa (GEE) com perfil de emissão relativamente baixo e é líder mundial no uso de biocombustíveis no transporte. “Com a COP26 virando a esquina, revisamos as principais conquistas ambientais do Brasil, enquanto discutimos os desafios que o País ainda enfrenta”, escreveram no relatório “Um mergulho profundo na questão ambiental brasileira”. A Conferência das Nações Unidas sobre o clima está marcada para começar no próximo dia 31, em Glasgow (Escócia).

Os analistas separaram as avaliações por temas para explorar as oportunidades e riscos ambientais e sociais brasileiros. No caso dos biocombustíveis, a conclusão é a de que o segmento é bem estabelecido, mas que a regulamentação impede a expansão de seu uso, ainda que o País se destaque em relação ao resto do mundo no consumo desses produtos. A principal matriz geradora da demanda é a mistura de etanol e biodiesel, e carros flex.

Em 2020, média o consumo de biocombustíveis no Brasil foi de 0,72 barril de equivalente em petróleo (boe, na sigla em inglês) por pessoa. O volume, de acordo com o relatório, é consideravelmente maior do que a média global, de 0,08 boe/pessoa, inclusive em relação aos Estados Unidos e à União Europeia (UE). “No entanto, a instabilidade regulatória - por exemplo, reduções do mandato de mistura de biodiesel em 2021- está impedindo o crescimento da capacidade adicional.”

No campo da eletricidade, o UBS BB destaca que o Brasil possui uma das matrizes elétricas com menores emissões de GEE Entre as 20 maiores economias globais. “Podemos ilustrar o quão grande é a lacuna com nosso cálculo de que o resto do mundo precisa de aproximadamente 40 florestas tropicais da Amazônia para neutralizar as emissões de CO2 no processo de geração de energia. Em contrapartida, a matriz energética brasileira exige ‘apenas’ 30% da floresta amazônica, ainda significativa, mas consideravelmente abaixo do que estimamos para outros países”, compararam. O grande desafio do País nessa área é expandir a geração de energia, sem atingir restrições ambientais e com a manutenção de uma matriz com fontes crescentes.

Sobre o saneamento, o documento ressalta que há “muito a melhorar”, já que cerca de 30 milhões de brasileiros não têm acesso a serviços de água e 100 milhões não têm acesso à coleta de esgoto. Assim, apenas 49% dos brasileiros têm acesso a uso de esgoto, atrás da média global de 54%. Os analistas destacaram que, para lidar com esse problema, o Congresso brasileiro aprovou no ano passado uma nova lei de saneamento com o objetivo de universalizar o abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto até 2033. “No entanto, o País investe em média R$ 12,6 bilhões anuais, 70% abaixo do necessário para universalizar os serviços até 2033”, calcularam.

No caso da agricultura, o relatório enfatiza que, apesar da má reputação do Brasil no agronegócio, o País é uma potência no setor, como um dos principais contribuintes para o abastecimento global de alimentos. Enquanto isso, a legislação tem destinado mais de 25% das áreas rurais à preservação nativa. Combinado com áreas indígenas e militares, 66% do território brasileiro é dedicado à questão. No entanto, ponderaram os analistas, o País nem sempre consegue que a legislação seja cumprida. “O desafio é ter alta produção agrícola com o mínimo impacto ambiental.”

Contato: celia.froufe@estadao.com
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