Economia & Mercados
01/08/2019 11:35

IBGE/Macedo: extrativas, por perda com Brumadinho, carregam mau resultado p/indústria como um todo


Por Daniela Amorim

Rio, 01/08/2019 - O mau desempenho das indústrias extrativas no primeiro semestre deste ano contaminaram o resultado global da indústria brasileira no período, confirmou André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A indústria extrativa registrou um tombo de 13,7% no primeiro semestre de 2019 em relação ao primeiro semestre de 2018, em decorrência das consequências do rompimento de uma barragem da mineradora Vale na região de Brumadinho, em Minas Gerais, em janeiro deste ano.

“Não é só efeito daquela unidade produtiva, são efeitos sobre outras unidades, seja por mudança na legislação, seja por medidas de segurança”, explicou Macedo.

A indústria de transformação cresceu 0,2% no primeiro semestre de 2019 em relação ao primeiro semestre de 2018. Na média global, a indústria recuou 1,6%. Sem as extrativas, a produção industrial brasileira poderia ter escapado do azul, mas ainda estaria estagnada, observou Macedo.

“Ainda assim a transformação não anda. Claro que venho para o campo negativo em função do setor extrativo”, contou Macedo. “O acidente de Brumadinho é uma das principais explicações para a queda no setor extrativo no primeiro semestre. O setor extrativo, em função da intensidade de perda que teve em decorrência de Brumadinho, carrega para o resultado do setor industrial essas perdas”, completou.

Em junho deste ano ante junho do ano passado, a indústria brasileira encolheu 5,9%. A indústria de transformação caiu 4,4%, enquanto as extrativas tiveram retração de 16,3%.

Para Macedo, a indústria de transformação “está longe de apresentar qualquer tipo de trajetória de recuperação”, umas vez que os fatores conjunturais que vinham explicando a perda de dinamismo da produção desde o ano passado permanecem contribuindo negativamente.

Entre os entraves à recuperação da indústria, o pesquisador menciona as condições ainda precárias do mercado de trabalho; os níveis de confiança de empresários e das famílias ainda em patamares baixos; as perdas das exportações brasileiras decorrentes da crise na Argentina; e o aumento nos níveis de estoques em alguns setores industriais.

Já o setor extrativo registrou melhora recente ao menos na série com ajuste sazonal. Após quatro meses de perdas, quando acumulou retração de 25,6%, a indústria extrativa cresceu 11,0% nos dois meses seguintes. O avanço em junho ante maio foi de 1,4%.

“Com dois meses positivos na margem, o passado de perdas mais intensas ficou para trás. Mas está longe de recuperar perda de 25,6% nos quatro meses anteriores”, ponderou Macedo.

Contato: daniela.amorim@estadao.com
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