Economia & Mercados
13/07/2021 11:58

Movimento quer ampliar microcrédito a mulheres e mira R$ 8 bi do sistema financeiro


Por Sabrina Gabriela, especial para o Broadcast

São Paulo, 12/07/2021 - Quando a pandemia obrigou o comércio a fechar, no ano passado, a empreendedora Sara Costa, dona de um ateliê, viu seus pedidos desaparecerem. A atividade que vinha servindo como sua fonte de renda havia quatro anos ficou ameaçada, mas um empréstimo de R$ 3 mil concedido pelo Fundo Dona de Mim, iniciativa do Grupo Mulheres do Brasil para microempreendedoras impactadas pela crise sanitária, permitiu ao ateliê se reerguer. "O microcrédito possibilitou que eu reinventasse o meu negócio e voltasse a ganhar dinheiro", afirma ela.

Costa faz parte de um contingente estimado em 24 milhões de empresárias no Brasil, segundo pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor. Enquanto o País tem hoje uma das maiores comunidades de mulheres empreendedoras do mundo, o acesso ao crédito ainda é restrito para elas. Mas um grupo quer mudar essa realidade. O Movimento Expansão pretende facilitar a conexão entre as empreendedoras e as fontes de financiamento. E acredita ser possível direcionar cerca de R$ 8 bilhões em recursos que estariam subutilizados no sistema financeiro para as mulheres avançarem com seus negócios.

A percepção de quem conhece o tema é de que é possível fazer a diferença com empréstimos de baixo valor. "Há mulheres por aí que carecem de R$ 2 mil ou R$ 3 mil para começar ou aprimorar um negócio, e elas necessitam de alguém que olhe para elas e as ajude", afirma Sônia Hess de Souza, ex-presidente da Dudalina e vice-presidente do grupo Mulheres do Brasil, focado em engajar a sociedade civil na conquista de melhorias para o País, por meio de ações para mulheres. Esses empréstimos de baixo valor são conhecidos como microcréditos.

O Movimento Expansão vê na escassez de linhas de microcrédito para pequenos negócios um obstáculo ao empreendedorismo feminino no Brasil. Um dos objetivos do grupo é sensibilizar o Banco Central, poderes públicos e outras instituições financeiras a disponibilizar os recursos apropriados aos negócios geridos pelas empreendedoras femininas.

Conforme estabelece o Programa Nacional do Microcrédito Produtivo Orientado do governo federal, até 2% dos depósitos compulsórios devem ser destinados ao microcrédito, algo equivalente a R$ 8,3 bilhões em recursos e que poderiam ser oferecidos às empreendedoras.

Um dos problemas identificados hoje é que o microcrédito acaba sendo uma linha com juros e rentabilidade mais baixos, e as instituições financeiras privadas de grande porte não têm muito interesse em disponibilizá-lo. Para remediar essa falha, o Movimento Expansão trabalha por uma regulamentação de um programa nacional único, abrangente e democrático de concessão desse tipo de empréstimo.

Segundo Mariane Carneiro da Cunha, idealizadora do Movimento Expansão, a maioria dos negócios gerenciados por empreendedoras é pequeno, o que complica ainda mais o acesso ao crédito. Facilitar esse processo significaria incluir a mulher no mercado do empreendedorismo.

"Ainda que sejam de menor valor, esses empréstimos podem causar transformações e fazer a diferença para ajustes essenciais para o negócio", afirma ela.

Pesquisas recentes mostram os entraves enfrentados por mulheres no universo do empreendedorismo. Embora elas tenham, em média, uma formação melhor do que os homens, as empreendedoras no Brasil têm rendimentos mensais 22% menores, segundo levantamento do Sebrae. Outro levantamento, elaborado pelo Goldman Sachs, revelou que 12% das brasileiras donas de pequenos negócios encerraram permanentemente suas atividades durante a pandemia, contra 3% na média global.
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