Economia & Mercados
22/06/2021 11:29

Exclusivo: Hidrelétricas perderam capacidade de geração equivalente a 2,3 vezes de Itaipu


Por Wilian Miron

São Paulo, 22/06/2021 - O volume de água que deixou de chegar ao reservatório das hidrelétricas nos últimos 12 meses foi 30% menor que a média histórica, o que levou as usinas a perderem uma capacidade de geração equivalente a 2,3 vezes a geração anual de Itaipu entre 2011 e 2020, o equivalente a 20,7 gigawatts (GWh) por ano, apontam pesquisadores do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ).

Nos últimos nove anos, as chamadas Energias Naturais Afluentes (ENAs), quantidade de água que chega aos reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN), foram 17% menores do que a média. Apenas em 2016 elas atingiram a média.

O relatório foi apresentado na última quinta-feira, 17, aos empresários da indústria fluminense na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), e aponta para a necessidade de se revisar os modelos computacionais utilizados para o planejamento do SIN.

No período, a capacidade instalada do setor aumentou 43%, enquanto a demanda por energia teve uma alta menor, de 19%. "Apesar da crise hídrica, o sistema está bastante folgado, mas, mesmo assim, podemos ter problemas como custos muito altos e medidas heterodoxas no uso de recursos hídricos", disse o coordenador da área de geração e mercados do Gesel, Roberto Brandão.

O especialista explicou também que pode ter racionamento ou problemas pontuais com o atendimento da demanda, mas em escala menor do que o que aconteceu em 2001. Para ele, as sucessivas crises econômicas que o País tem enfrentado estrangularam o crescimento da demanda nos últimos anos, fazendo com que a expansão do setor fosse suficiente para amenizar o problema da escassez de água nos reservatórios das hidrelétricas.

"Se o consumo tivesse crescido em linha com capacidade instalada, não teria como escapar de racionamento de grande porte. Hoje, podemos ter algum problema na ponta, dependendo do que acontecer, mas um racionamento tão grande não vai ter por que o consumo não cresceu tanto", explicou.

Contato: energia@estadao.com
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