Economia & Mercados
28/10/2020 09:56

Com recordes no meio da crise, Localiza começa a deixar pandemia para trás


Por Cristian Favaro

São Paulo, 28/10/2020 - Quantos setores já tiveram o privilégio de divulgar um recorde (positivo) no mercado durante essa pandemia? Poucos, claro. Um deles foi o de locação de automóveis. O setor está aquecido e depois da Unidas mostrar números fortes para o terceiro trimestre, na noite de segunda-feira, hoje foi a vez da Localiza. A empresa registrou recordes de vendas de seminovos, Ebitda, receita e lucro líquido - esta última linha, por sinal, fechou em R$ 325,5 milhões, crescimento de 59% na comparação anual. Os números foram divulgados ao mercado na noite desta terça-feira.

O Diretor de Finanças e de Relações com Investidores da Localiza, Maurício Fernandes Teixeira, explicou que o cenário favorável veio por uma série de fatores. "As ofertas de voos caíram muito e as pessoas estão preferindo alugar carros para viajar. No próximo feriado (Finados, em 02 de novembro), a gente já tem muita reserva. As pessoas estão indo para o interior, para uma praia, para o Nordeste. Isso tudo está movimentando o aluguel de carros", explicou o executivo, em entrevista ao Broadcast. Ele destacou ainda que a preferência pelo transporte privado no período de crise deu sustentação importante ao setor.

Com o cenário favorável, a empresa fechou setembro com utilização da sua frota na casa dos 80%, patamar considerado ideal. "Acima disso, começa a surgir risco de faltar carro para o cliente", disse Teixeira. A empresa corre agora para ajustar a frota e conseguir atender o pico de verão do quarto trimestre. A geração de caixa favorável no segmento de alugueis fez a Localiza reduzir sua alavancagem (medida pela relação dívida líquida/Ebitda) de 3,6 vezes no segundo trimestre deste ano para 2,6 vezes no terceiro trimestre.

Entre julho e setembro, a empresa registrou o maior número de venda de carros da história, 45.536 unidades, crescimento de 23,7% na comparação anual. O cenário, explicou Teixeira, veio com a menor oferta de veículos novos nas montadoras, que fez subir o preço do carro zero e, com isso, valorizou o seminovo. Nessa movimentação toda, a empresa, além de ter vendido mais, conseguiu preços mais vantajosos.

O executivo foi questionado se via no movimento dos seminovos um represamento na demanda anterior por causa da pandemia. "Em parte, sim. Podemos ter visto um represamento por causa da dificuldade de fechar a compra ou até receio de investir em carro no meio da crise. Mas vejo muita influência também dos cenários de distanciamento social e necessidade de transporte mais individual hoje", disse. Ele destacou ainda que a tendência favoreceu o crescimento do negócio de assinatura de carros para pessoas físicas, o Localiza Meoo, lançado no mês passado. "Muitas pessoas estão buscando a gente para fazer cotação", disse.

No aluguel de carros, o grupo já retomou em setembro patamares pré-crise e está perto de alcançar o atual recorde da empresa, que foi registrado no início deste ano.

Montadoras

A Localiza já garantiu a entrega de automóveis até o final do ano com as montadoras. A estimativa, entretanto, é que os carros possam atrasar para chegar à garagem da empresa. "Costumamos preferir que os carros cheguem em novembro, para prepará-los para a temporada de verão, mas eles podem chegar em dezembro", disse.

O executivo destacou ainda que o grupo está recebendo um número crescente de carros e se mostrou solidário com as dificuldades do setor automobilístico de retomar a produção depois da paralisia da pandemia. "A normalização nos volumes eu acredito que ocorrerá só no começo do ano que vem", disse. Questionado sobre as negociações para o ano que vem, o executivo disse que as conversas com as montadoras já começaram, mas nada está fechado.

Unidas

O tema maior no radar do mercado hoje é o anúncio, no mês passado, do plano de incorporação da Unidas pela Localiza, o que criaria uma das maiores companhias do segmento do mundo. Caso o negócio seja aprovado, os acionistas da Localiza vão deter aproximadamente 76,8% do capital social total e votante da nova empresa e os acionistas da Unidas passariam a ser donos, em conjunto, de aproximadamente 23,15%.

Teixeira explicou que o tema passará pelo crivo dos acionistas das duas empresas, que vão votar no dia 12 de novembro (as assembleia das duas empresas serão na mesma data). "Em paralelo, estamos trabalhando a documentação para protocolar no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) essa semana ou na semana que vem, no máximo", disse. Questionado sobre prazos, apontou que a análise pode levar entre 10 meses a um ano, mas tudo depende do órgão de controle.

Contato: cristian.favaro@estadao.com
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