Política
08/05/2018 12:56

Beto Albuquerque: Apoio a Alckmin, Ciro ou Marina racharia o PSB


São Paulo e Brasília, 08/05/2018 - Vice na chapa encabeçada por Marina Silva em 2014 e atual vice-presidente de Relações Governamentais do PSB, o ex-deputado Beto Albuquerque enxerga o risco de um racha profundo na legenda, caso o projeto de uma candidatura própria ao Palácio do Planalto seja de fato abandonado. Reconhecendo que o partido foi surpreendido pela desistência do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa de concorrer, Albuquerque ressaltou que o apoio a qualquer um dos nomes hoje colocados para a corrida presidencial seria prejudicial para o conjunto do partido.

"Seja Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Marina Silva ou qualquer nome hoje colocado, o PSB ganharia de um lado e perderia do outro. Precisamos de uma solução que não atrapalhe nossos 10 candidatos nos Estados", disse. "Infelizmente, não temos outro Joaquim Barbosa na manga, não temos outro Eduardo Campos. Mas é essencial que encontremos uma maneira de manter uma candidatura própria", disse Albuquerque, ao Broadcast Político, mencionando o ex-governador de Pernambuco morto em 2014, em um acidente de avião.

A disputa interna do PSB passa em especial pelo alinhamento de diretórios regionais ao governador de São Paulo e candidato à reeleição, Márcio França, e ao comando do partido em Pernambuco, do governador Paulo Câmara. O PSB também contava com a candidatura própria como forma de assegurar um desempenho positivo nas disputas para a Câmara e para o Senado. Sobre permitir que os diretórios regionais da legenda caminhem livremente com outras candidaturas, o ex-parlamentar emendou: "Liberar as bases para fazer o que quiserem seria uma decisão analfabeta politicamente".

"Eu lamento ele (Joaquim Barbosa) não ser candidato. A gente perde um pedaço de um futuro mais promissor, mais ético para o País. Mas que bom que decidiu antes. A gente perde um candidatíssimo, mas por outro lado não entre numa eleição com alguém em dúvida", afirmou Albuquerque, relembrando o cenário da disputa presidencial de 2014. "Nem o Eduardo, nem a Marina e eu unificamos o partido. Qualquer outro candidato não vai unificar, as realidades regionais são muito diferentes", continuou.

Beto Albuquerque reafirmou que será candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul. Ele chegou a colocar seu nome como pré-candidato a presidente no início do ano, antes das conversas do partido com Barbosa se intensificarem. Hoje, o socialista reforçou que não se colocará novamente à disposição do partido para a tarefa. "Eu já fiz meu sacrifício em 2014. Sou candidato ao Senado e não abrirei mão. Mas é essencial que algum colega se coloque. Qualquer nome bem preparado tem condições de cumprir esse papel." Uma saída, disse, seria um nome do PSB de Pernambuco se apresentar para a disputa, para que a legenda possa capitalizar o legado de Eduardo Campos e Miguel Arraes no Estado.

Motivos. De acordo com Albuquerque, Joaquim Barbosa chegou a comentar com correligionários, enquanto ensaiava a candidatura, sobre algumas das razões pessoais que poderiam fazê-lo abandonar a corrida presidencial. Na lista, o sustento financeiro de alguns de seus familiares e a saúde de sua mãe. "Ele tem família grande, tem gastos, tem empresa de advocacia que ajuda a complementar a renda", disse o ex-deputado. "A vida pessoal dele pesava muito. Ele tinha um modo de vida mais calmo, a mãe doente... Ele é meio arrimo de família, ele falou que cuida de muita gente."

Albuquerque negou que Barbosa tenha se queixado de problemas de saúde. Na mensagem pública em que anunciou sua desistência, 0 ex-presidente do Supremo Tribunal Federal afirmou, sem detalhar, que a decisão foi "estritamente pessoal". (Felipe Frazão, felipe.frazao@estadao.com, e Clarissa Oliveira, especial para a AE)
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