Política
02/10/2022 08:30

Estados/Desafios/SP: Com caixa arrumado, SP terá desafio renovado de superar desigualdade


Por Eduardo Gayer

São Paulo, 26/09/2022 - Costumeiramente chamado de "locomotiva do País” nas disputas eleitorais, o Estado de São Paulo, rico e populoso, traz um retrato do Brasil com a manutenção de grandes disparidades sociais. Com a ajuda das contas públicas em ordem, ao menos em comparação com outras unidades federativas, o próximo governador, a ser escolhido nas urnas neste outubro, terá o desafio de reduzir a desigualdade em meio a gargalos antigos nas áreas de transporte, emprego, saúde e educação.

Em meio ao impacto da crise econômica trazida pela pandemia, a fatia da população em situação de pobreza no Estado mais rico do País subiu de 11,3% em 2020 para 13,8% em 2021, de acordo com dados anuais divulgados pelo Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (Imds). A desigualdade social entre os paulistas é tamanha que, na Capital, um morador do Alto de Pinheiros, bairro da zona oeste, vive aproximadamente 22 anos a mais do que um morador da Cidade Tiradentes, na periferia da zona leste, segundo o Mapa da Desigualdade.

“São Paulo tem uma desigualdade expressiva que precisa ser pensada”, afirma o cientista político Humberto Dantas, colunista do Broadcast Político. Ele, no entanto, vê pouco espaço para um governo “revolucionário”. “É um Estado cujas estruturas são muito sólidas e grandes. Os governos deixam suas marcas, mas em quatro anos construir algo que chame muito a atenção é difícil, improvável”, diz.

Universo econômico. Para São Paulo, Dantas enxerga desafios para reduzir as desigualdades. O primeiro está ligado ao universo econômico, como os nós em mobilidade, transporte e escoamento de produção, com impacto na geração de emprego. “A quantas eleições ouvimos em completar o Rodoanel, ampliar o sistema sobre trilhos na região metropolitana?”, lembra o cientista político. A segunda temática envolve o financiamento de políticas públicas. “Fala-se tão bem do Estado, mas a gente não colhe os melhores resultados do Brasil em saúde, em educação. Em tese, com toda essa pujança, São Paulo deveria se destacar”, avalia.

O cenário fiscal delicado do plano nacional é uma realidade bem menos pronunciada em São Paulo, o que, em comparação com outras unidades da federação, retira obstáculos do horizonte do próximo governo. O resultado primário paulista em 2021 foi o melhor da série histórica e bateu R$ 41,9 bilhões, três vezes mais do que a meta. No ano passado, a relação Dívida Consolidada Líquida sobre a Receita Corrente Líquida (DCL/RCL) alcançou 1,26, o valor mais baixo da série iniciada em 1997.

Para Humberto Dantas, a questão fiscal não será um desafio “insolúvel” ou “agudo” para quem vier a ser governador nos próximos quatro anos, porque o atual secretário da Fazenda, Felipe Salto, e seu antecessor, Henrique Meirelles, são pessoas de “compreensão de equilíbrio” das contas públicas. O mesmo deve acontecer no próximo mandato, avalia o cientista político, porque os três principais candidatos ao Palácio dos Bandeirantes não são conhecidos por qualquer heterodoxia com as contas públicas.

“Tarcísio, em tese, não representa grandes problemas em termos de ajuste fiscal. Rodrigo Garcia é o cara que está representado por pessoas que tem preocupação forte com o fiscal. E Haddad está na ala considerada ortodoxa do PT. Ele é equilibrado na economia”, diz.

De acordo com a mais recente pesquisa Datafolha, na corrida pelo governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT) aparece com 34% das intenções de voto, seguido de Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 23%, e Rodrigo Garcia, candidato à reeleição, com 19%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

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