Por Daniel Weterman
Brasília, 08/04/2022 - O grupo da chamada terceira via renovou as expectativas de queda do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto a partir de maio, de acordo com políticos à frente das negociações.
MDB, União Brasil, PSDB e Cidadania anunciaram a intenção de lançar um candidato único à Presidência. Esses partidos avaliam que só serão capazes de ter uma candidatura competitiva tirando votos de Bolsonaro para enfrentar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em segundo turno.
Bolsonaro, no entanto, foi beneficiado pela saída do ex-ministro Sérgio Moro da disputa. A primeira pesquisa Ipespe divulgada sem Moro mostrou Bolsonaro com 30% das intenções de voto para o primeiro turno, mesmo índice da pesquisa Genial/Quest publicada em seguida, em que apontou o atual presidente com 31%.
Para tentar uma arrancada, o grupo da terceira deve seguir concentrando os ataques no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e no presidente Jair Bolsonaro, além de tentar convencer o eleitor que é possível lançar um projeto para o País furando essa polarização e aceitar uma conversa com Ciro Gomes (PDT).
Uma estratégia de comunicação das legendas é parar de chamar o grupo de "terceira via". Essa orientação foi incorporada nos discursos de Simone Tebet (União), Eduardo Leite (PSDB) e até de Ciro Gomes (PDT). João Doria chamou a articulação de "via da esperança." Por outro lado, os partidos ainda enfrentam impasses internos que impedem um acordo, como é o caso do PSDB, com Doria como pré-candidato e Eduardo Leite correndo por fora.
Para o cientista político e diretor do Ipespe, Antonio Lavareda, a saída de Moro foi o "melhor presente" até o momento para a campanha de Bolsonaro. Para 15% dos eleitores, de acordo com o instituto, o apoio de Moro a um candidato aumenta as chances de voto nesse nome. A influência negativa do ex-juiz da Lava Jato, por outro lado, é de 27%.
"Em situações assim, os candidatos costumam pesar os efeitos desse apoio e fazer muitas contas antes de buscá-lo. Mas à chamada terceira via de centro-direita, cujos postulantes têm percentuais muito discretos, esses 15% podem se afigurar como a promessa de um caminhão potencial de votos. Na verdade, de pouco valerá a qualquer um deles conseguir o apoio de Moro se não assumir para valer na campanha as bandeiras da Lava Jato simbolizadas por ele", afirma Lavareda.
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