Política
23/09/2022 13:08

Eleições 2022: Para PT, pesquisa confirma espaço para voto útil na reta final da eleição


Por Giordanna Neves

São Paulo, 23/09/2022 - A nove dias para as eleições presidenciais, a oscilação de dois pontos para cima do candidato pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, na pesquisa Datafolha divulgada ontem (22) foi vista pela campanha como uma tendência de crescimento do petista. O levantamento revela, de acordo até com os mais céticos da legenda, que a possibilidade de vitória no primeiro turno poderá ficar ainda mais evidenciada na próxima semana, com o o chamado “voto útil”. No levantamento, Lula atingiu 47% e garantiu uma dianteira de 14 pontos sobre Jair Bolsonaro (PL), que se manteve em 33%.

Os últimos passos da campanha com foco na formação de uma aliança ampla revelam os esforços em vencer já na primeira rodada. A foto de Lula ao lado de ex-presidenciáveis e o vídeo de cantores e atores cantando “Vira Voto” - inclusive alguns que declararam voto em Ciro Gomes (PDT) - fortalecem a estratégia. O tempero extra foi o gesto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) que, mesmo sem citar o nome do petista, fez uma defesa pelo voto “pró-democracia”. Os embaixadores e ex-ministros Sérgio Amaral e Rubens Ricupero, dois nomes ligados ao tucano, também se manifestaram publicamente a favor de Lula.

Esses movimentos visam reforçar a tese de que impera hoje uma realidade político-partidária atípica e um risco à democracia, bem como tentar unir forças para vencer o “inimigo comum”, ou seja, o presidente Jair Bolsonaro (PL). A campanha trabalha para que esse discurso chegue aos eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), que estão, respectivamente, no terceiro e quarto lugar nas pesquisas de intenção de voto à Presidência, o que ajudaria a "liquidar a fatura" no primeiro turno.

O discurso pró-democracia, segundo aliados do ex-presidente, pretende agregar esses eleitores sem travar uma guerra de “esvaziamento” das candidaturas dos concorrentes. Até porque, pelo menos no caso de Tebet, caso ocorra um segundo turno, a campanha de Lula buscará seu apoio. Pessoas próximas dizem que o ex-presidente tem “admiração” pela candidata do MDB e não descarta negociações de cargos em um eventual novo governo para tê-la na base da aliança. No caso de Ciro, que vem frequentemente atacando o petista, a estratégia é rebater as críticas, mas sem baixar o nível.

A próxima e última semana antes do pleito, que ocorre no dia 2 de outubro, visa alavancar esse voto útil. Lula e o vice Geraldo Alckmin (PSB) vão se reunir com artistas e intelectuais no auditório Celso Furtado, no Anhembi, em São Paulo (SP), em um ato liderado pela esposa do ex-presidente, a socióloga Rosângela da Silva, conhecida como Janja.

Encontros dessa espécie são tradicionais na reta final de campanha justamente para ampliar o movimento para além da esfera institucional. Mas a toada, desta vez, será apresentar nomes de peso que declararam apoio recente ao petista, como a cantora Anitta. A ideia é que ela participe mesmo que apenas por gravação de vídeo. Artistas vão reforçar, na ocasião, a mensagem de que não há motivos para arrastar a disputa para o segundo turno.

Abstenção

Nessa última semana, a campanha trabalhará também para reduzir os níveis de abstenção no pleito. Aliados temem que os eleitores do ex-presidente, a maioria de classe mais pobre, que vive em regiões interioranas e com maiores dificuldades de locomoção, possam ser desestimulados a irem até as seções eleitorais. Ontem, em entrevista ao Programa do Ratinho, do SBT, Lula já convocou os apoiadores: “Por favor, vá para a urna, vote, escolha quem você acreditar que vai consertar esse País”.

O foco nesta fase final também continuará sendo os três principais colégios eleitorais do País: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Com o curto espaço de tempo e a dificuldade de contemplar todas as regiões de cada unidade federativa, a ideia é que o petista grave vídeos com demandas específicas de cada região do Estado, relembrando, inclusive, realizações feitas por suas gestões. Em Minas, por exemplo, avalia-se que é preciso capilarizar a campanha e personalizar a mensagem.

O segmento evangélico presente nos três Estados também está na mira do núcleo do PT nestes últimos dias antes do pleito. Na próxima terça-feira (27), o fundador e coordenador nacional da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, Ariovaldo Ramos, que participa da comunicação da campanha junto aos religiosos, se reunirá em Minas com o candidato ao governo apoiado pelo PT, Alexandre Kalil (PSD), em um encontro com evangélicos. Estão previstos também mutirões de panfletagens nas ruas com mensagens aos religiosos.

A prioridade da campanha continua sendo, essencialmente, a mulher evangélica, maior parte negra e periférica, que cuida do lar e da família, que rejeita a pauta armamentista e que sente as consequências da crise econômica - estratégia reverberada por pesquisas qualitativas encomendadas pela campanha.

Contato: giordanna.neves@estadao.com

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