Política
17/11/2017 19:44

MP de SP abre inquérito e vai investigar suspeita de improbidade de 17 coronéis da PM


São Paulo, 17/11/2017 - O Ministério Público Estadual de São Paulo abriu inquérito civil para investigar “fortes indícios” de atos de improbidade administrativa por parte de 17 coronéis, um tenente-coronel e um capitão da Polícia Militar. A investigação, de âmbito civil, começa quase dois meses depois de vir à tona uma carta em que esse tenente-coronel investigado, José Afonso Adriano Filho, levanta suspeitas contra oficiais colegas que atuaram no comando da corporação.

Entre os investigados estão o ex-comandante-geral da PM coronel Álvaro Camilo, hoje deputado estadual, e o juiz coronel do Tribunal de Justiça Militar Orlando Eduardo Geraldi. Os envolvidos negam que tenham praticado quaisquer crimes. O inquérito foi instaurado pela 5.ª Promotoria do Patrimônio Público da capital a partir das informações levantadas pela carta do tenente-coronel Adriano.

O caso ficou conhecido como Lava Jato da PM em razão da proporção que as acusações tomaram contra a cúpula que administrou a corporação entre 2005 e 2012. Os desvios estimados são de R$ 200 milhões. Na portaria em que instaura o inquérito, o promotor Nelson Luís Sampaio de Andrade diz que as informações levantadas por Adriano caracteriza a “existência de fortes indícios de atos de improbidade administrativa previstos nos artigos 9, 10 e 11, todos da Lei Federal nº 8.429/92”.

Andrade relata ter solicitado à Corregedoria da PM informações sobre suspeitas contra Adriano e colegas no suposto esquema investigado. O promotor recebeu do órgão da corporação uma lista de 22 inquéritos policiais militares (IPMs) instaurados entre 2015 e 2017 em que há suspeita de crimes. As investigações são focadas na contratação pelo comando de empresas de informática, manutenção de viaturas e material de construção. Apesar de haver outros indiciados, apenas Adriano figura como denunciado por crimes relacionados aos IPMs.

O tenente-coronel Adriano está preso desde março, quando foi detido pela Corregedoria que identificou desvios de R$ 7 milhões na relação do oficial com uma empresa de fachada em que o próprio Adriano seria o proprietário da empresa, a Construworld. O esquema teria se repetido com outras 20 empresas.

O oficial resolveu, então, escrever uma carta em que direcionava perguntas a coronéis que participaram da administração da PM, indicando que eles teriam se beneficiado do esquema. Ele agora negocia uma delação premiada com o Ministério Público. O promotor pediu que o Comando-Geral da Polícia Militar, em 20 dias, encaminhe o prontuário dos agentes públicos listados, “especialmente com a especificação das funções por eles exercidas no período entre 2005 e 2012”. Na lista, estão os coronéis Álvaro Batista Camilo, João Cláudio Valério, Orlando Eduardo Geraldi, além do próprio Adriano e do capitão Dilermando César Silva, que responde a outros procedimentos de investigação.

'Ilações'
Em nota, o coronel Camilo reforçou que foi ele quem iniciou as investigações contra Adriano. “Esclareço que tomei conhecimento da abertura de inquérito civil pela reportagem e reforço que, como Comandante-Geral, assim que soube de supostas irregularidades, determinei imediata apuração, afastei o ex-tenente-coronel Adriano de suas funções e o transferi de unidade.

O resultado dessas investigações culminou na perda de sua patente e salário. Provavelmente o ex-PM tenta agora criar ilações para obter vantagens no processo em curso", declarou. O Tribunal de Justiça Militar disse aguardar "posição do Ministério Público, a quem compete a investigação". A Corregedoria foi procurada para informações sobre desdobramentos da investigação a partir do conteúdo da carta do tenente-coronel Adriano, mas não ofertou respostas. (Fabio Leite, Marcelo Godoy e Marco Antônio Carvalho)
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