Política
05/04/2022 09:23

Eleições 2022: Lula e Haddad herdam votos de quem avalia gestão Doria como ‘ótima ou boa’


Por Giordanna Neves

São Paulo, 04/04/2022 - De dez eleitores que avaliam a gestão do ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), como “ótima ou boa”, apenas um votaria nele à Presidência, enquanto quatro votariam no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na disputa paulista, o cenário se repete: a boa avaliação tucana herda, de 10, quatro votos ao ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), um ao agora governador do Estado, Rodrigo Garcia (PSDB), sucessor de Doria que tentará a reeleição, e 3 declararam “não saber”. O desconhecimento do atual dirigente explica porque Haddad lidera no campo de situação do ex-governador. O levantamento foi realizado pelo Instituto Guimarães.

Na corrida pela Presidência, apesar de Doria e Lula representarem, na teoria, espectros ideológicos distintos, o cientista político do Instituto, Daniel Marinho, explica que a dualidade ‘esquerda versus direita’ é “muito simplista” para explicar a migração de “admiradores” do tucano em torno do petista. “O que conta na eleição é o campo vencedor e o campo que predomina no momento é o campo de oposição ao Bolsonaro, por causa da avaliação ruim do Presidente. Como o Lula já é o candidato antibolsonaro, os votos daqueles que querem Bolsonaro derrotado se aglutinam em Lula”, afirmou.

Apesar da tentativa do ex-governador de São Paulo em incorporar uma bandeira antibolsonaro, especialmente com o mote da vacinação contra a covid-19, Marinho explica que Lula encontra-se mais consolidado nesse campo. “Apesar de Doria já ter feito movimento de se descolar de Bolsonaro, Lula é o candidato mais adequado para derrota-lo”, disse. O especialista reforça a tese do “voto útil”, ato que consiste em votar no candidato mais bem posicionado, mesmo que não seja de sua preferência.

O cenário se replica nas eleições estaduais em São Paulo, onde admiradores da gestão Doria atraem votos para o ex-prefeito Haddad e não para o sucessor do tucano, Rodrigo Garcia. No entanto, segundo o estatístico Paulo Guimarães, coordenador da pesquisa, este movimento é momentâneo. O especialista explica que a medida em que Garcia se tornar conhecido e Doria declarar apoio a ele, seu nome ocupará maior espaço no campo que avalia positivamente o ex-governador.

“Quando Doria falar que Garcia é seu candidato, Garcia vai pegar muitos votos do Haddad no campo da situação e, consequentemente, Haddad vai sair desse campo e vai ser jogado para o campo antidoria, onde está também Tarcísio de Freitas [pré-candidato ao governo de São Paulo, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro]”, disse. “E dentro dos que avaliam bem Doria, muitos ainda não sabem em quem votar porque não conhecem o candidato tucano. Ele tem espaço para crescer neste núcleo quando se tornar conhecido”, completou.

Contato: giordanna.neves@estadao.com

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