Política
06/10/2017 14:44

Após protestar contra 'golpe parlamentar' no Brasil, Evo Morales virá ao País no dia 30


Brasília, 06/10/2017 - Depois de muito protestar contra o que chamou de "golpe congressista" e até de retirar seu embaixador do País após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o presidente da Bolívia, Evo Morales, fará uma visita oficial ao Brasil. Ela ocorrerá no próximo dia 30, segundo anunciou há pouco o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Fernando Huanacuni. A data foi confirmada pelo presidente Michel Temer hoje pela manhã, informou o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes.

Aloysio e Huanacuni reuniram-se na manhã de hoje e falaram sobre itens que poderão ser tratados pelos dois presidentes no encontro no final do mês. Segundo o chanceler brasileiro, há uma crescente cooperação entre os dois países na área de segurança.

Brasil e Bolívia assinaram nesta sexta-feira um acordo que prevê cooperação na área de saúde na região fronteiriça.

A visita de Morales, um presidente da linha "bolivariana", indica uma inflexão nos questionamentos quanto à legitimidade do governo de Michel Temer pelos governos da região. No final de 2015, ele já falava sobre uma "tentativa de golpe parlamentar no Brasil". Quando Dilma foi afastada, em maio de 2016, Morales usou as redes sociais para criticar o "golpe congressista e judicial".

Foram manifestações na mesma linha de países como Venezuela, Cuba, Equador, Nicarágua e também a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América/Tratado de Cooperação dos Povos (Alba/TCP). Na época, o Itamaraty divulgou notas rebatendo as acusações de "golpe".

Quando o impeachment foi consolidado, em agosto do ano passado, os governos da Bolívia, da Venezuela e do Equador anunciaram a retirada de seus embaixadores do Brasil. Na ritualística diplomática, essa medida é um protesto intenso. Em resposta, o Brasil fez o mesmo.

As relações diplomáticas, porém, jamais foram rompidas. Numa entrevista concedida ao Estadão em maio passado, Aloysio disse que o Brasil mantinha relações diplomáticas "normais" com esses países e, no caso da Bolívia, ele classificou o diálogo como "positivo".

Ao final da reunião de hoje, os dois chanceleres ressaltaram a extensa fronteira terrestre entre os dois países e o grande número de cidadãos bolivianos no Brasil e vice-versa. "No futebol, também estamos empatados, então vamos a um bom acordo", comentou Huanacuni, após um comentário de Aloysio sobre a partida disputada ontem. (Lu Aiko Otta - lu.aiko@estadao.com)
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