Por Iander Porcella
Brasília, 26/07/2022 - O senador Renan Calheiros (MDB-AL) desistiu de contestar a candidatura de Simone Tebet (MDB-MS) à Presidência. O parlamentar disse ao Broadcast Político que não vai recorrer da decisão do ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que manteve a convenção nacional do partido. O ato político para oficializar o nome de Tebet na disputa pelo Palácio do Planalto vai ocorrer nesta quarta-feira, 27. “Não vamos entrar com recurso porque não é uma obsessão da gente”, declarou Calheiros.
Ontem, o prefeito da cidade alagoana de Cacimbinhas, Hugo Wanderley Caju (MDB), entrou com um pedido no TSE para adiar a data da convenção, que vai ocorrer de forma virtual. A ala do partido que defende o apoio no primeiro turno ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), liderada por Calheiros, queria mais tempo para tentar impedir que Tebet fosse lançada ao Planalto. “É uma questão política. Não tinha nada contra a Simone. Nós gostamos muito dela”, disse o senador.
A avaliação da ala lulista do MDB é que uma candidatura pouco competitiva à Presidência pode prejudicar os candidatos do partido nos Estados e levar a uma redução da bancada de deputados federais no ano que vem. Atualmente, a legenda tem 37 assentos na Câmara. Segundo Calheiros, o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, havia prometido uma reunião em junho para avaliar em conjunto a viabilidade da candidatura de Tebet, o que não ocorreu.
A intenção de voto da senadora para o Planalto varia de 1% a 4%, dependendo da pesquisa eleitoral. Nesse cenário, alguns diretórios do MDB, principalmente no Nordeste, preferiam apoiar Lula. Calheiros usa como exemplo a candidatura de Henrique Meirelles pelo partido em 2018. Na disputa pelo Planalto, o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central obteve 1,2% dos votos no primeiro turno. O senador alagoano atribui a perda de força do MDB no Congresso ao desempenho de Meirelles naquela eleição.
Vice indefinido
Enquanto isso, como mostrou o Broadcast Político, com a hesitação do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) em ingressar na chapa do MDB à Presidência, a possibilidade de a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) concorrer como vice de Tebet voltou a ganhar força. O nome da parlamentar é visto como positivo porque seria um aceno ao eleitorado feminino, à região Nordeste e ao público religioso, já que Eliziane é evangélica.
Nesta segunda-feira, 25, Tebet disse, em entrevista à GloboNews, que Tasso está preparado para ser seu vice se essa for a decisão do PSDB. Nos bastidores, contudo, o tucano tem dito que está “meio cansado”. Nesse contexto, de acordo com o presidente do Cidadania, Roberto Freire, a federação formada pelos três partidos voltou a discutir a ideia de ter uma chapa totalmente feminina.
“Se você tem uma chapa feminina, é um impacto forte no machismo, na misoginia. E dá uma força grande, é a presença da mulher na política. Ela [Eliziane Gama] é um nome que representa muito bem uma região, que é o Nordeste”, disse Freire ao Broadcast Político. Caso o acordo seja selado, será a primeira vez que duas mulheres formam uma chapa na disputa pelo Palácio do Planalto.
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