Agronegócios
14/05/2018 10:00

Perspectiva: na CBOT, clima e demanda estarão no radar dos investidores nesta semana


São Paulo, 14/05/2018 - No mercado futuro dos grãos, a atenção dos investidores nesta semana estará na demanda pelas commodities produzidas nos Estados Unidos e no clima em regiões de cultivo. Esses fatores já tiveram peso importante na movimentação dos contratos na Bolsa de Chicago nos últimos dias da semana anterior, principalmente porque o aguardado desdobramento da guerra comercial Estados Unidos e China não aconteceu. Por enquanto, não há confirmação sobre eventual taxação da soja pelo país asiático, que, no entanto, tem demandado menos produto norte-americano. "O Brasil está exportando, a China está comprando aqui, o que é baixista para a soja em Chicago neste momento", resumiu o analista João Paulo Schaffer, da Agrinvest.

O clima também favorece o plantio da soja nos EUA e os números que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulga no final da tarde devem mostrar avanço importante dos trabalhos. Por outro lado, as notícias que chegam da Argentina são de que, após o longo período de seca que comprometeu as lavouras, a chuva intermitente atrapalhou a colheita e a qualidade do grão que segue no campo. Na sexta-feira, o contrato julho da soja recuou 18 cents, ou 1,76%, para US$ 10,0325/bushel, pressionado pela perspectiva de maior oferta no Brasil, após dados positivos tanto do USDA quanto da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Na semana, a queda acumulada é de 3,23%.

Quanto ao milho, o comportamento do petróleo pode influenciar os futuros, além de dados da demanda. A decisão do presidente Donald Trump de tirar os EUA do acordo nuclear com o Irã deu suporte aos preços e os contratos do petróleo se valorizaram 1%, o que reduz a competitividade do etanol, feito a partir do milho no país. Mas o fechamento na sexta-feira foi negativo. Já as vendas de milho norte-americano caíram 32% na semana, e, sem uma reação no próximo relatório semanal, os futuros se mantêm sob pressão. O contrato do milho com vencimento em julho caiu 5,50 cents, ou 1,37%, na sexta-feira, a US$ 3,9650/bushel. Na semana a queda é de 2,4%

Já os futuros do trigo têm um cenário baixista com estoques mais confortáveis nos Estados Unidos e melhores condições climáticas para o trigo de inverno e para o plantio do cereal de primavera. Na quinta-feira (10), o USDA estimou a produção no país de 49,6 milhões de toneladas em 2018/19, enquanto analistas previam 47,8 milhões de t. O vencimento julho recuou 7,75 cents, ou 1,53%, e fechou a US$ 4,9875 por bushel na sexta-feira. Em Kansas City, igual vencimento do trigo duro vermelho de inverno caiu 5,75 cents (1,13%), para US$ 5,0175 por bushel. Na semana, a perda é de 5,22% e de 9,71%, respectivamente.

Café: contratos caem 2,6% na semana
Os contratos futuros de café arábica apresentaram desvalorização de cerca de 2,6% (queda de 320 pontos) na semana passada na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), base julho de 2018. As cotações encerraram na sexta-feira (11), a 119,40 centavos de dólar por libra-peso. No período, os contratos marcaram máxima de 127 cents (sexta, dia 4) e mínima de 118,35 cents (quinta, dia 10).

O Escritório Carvalhaes, tradicional corretora de Santos (SP), destaca em seu boletim semanal que a forte e contínua alta do dólar frente ao real nas últimas semanas acabou por pressionar as cotações do café em Nova York. No mercado físico brasileiro, os preços em reais recuaram um pouco, voltando a dificultar o fechamento de negócios.

O mercado foi surpreendido na semana passada por uma jogada ousada da Nestlé, a maior empresa global de bebidas quentes. Ela pagará à Starbucks, maior cadeia de cafeterias do mundo, 7,15 bilhões de dólares pelos direitos perpétuos de comercialização dos produtos da empresa americana, aliando uma marca premium de café ao enorme poder global de distribuição da Nestlé. A compra é especificamente da divisão de grãos e cápsulas vendidos em supermercados.

Conforme Carvalhaes, o acordo não inclui nenhuma cafeteria Starbucks, mas dará a Nestlé, que já tem as marcas Nescafé e Nespresso, uma marca para ampliar sua presença no mercado americano de café, o maior do mundo, onde é apenas a quinta colocada, com menos de 5% do mercado. Nos EUA, o Nescafé é visto como uma marca de baixo custo para pessoas mais velhas e o Nespresso como um produto de nicho. A Starbucks, líder de mercado, tem uma participação de 14%, segundo a Euromonitor International. A Nestlé vai fabricar (e vender em todo os países) café solúvel, em grão e moído, e também cápsulas, com a marca Starbucks. Incluirá em seu portfólio produtos como Starbucks Reserve, Seattle's Best Coffee e Teavana.

Açúcar: mercado tenta se sustentar acima de 11 cents
Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), os futuros do açúcar demerara buscam suporte acima dos 11 cents por libra-peso mesmo com fundamentos baixistas e dólar valorizado ante o real, que estimula a oferta brasileira. Previsões de superávit global do adoçante para esta e para a próxima safra foram revisadas para cima na semana passada. O contrato para julho fechou em 11,22 cents, queda de 0,44% no dia, 2,52% na semana.

Desde o início de maio, a queda é de 4%. Segundo analistas, o suporte nos 11 cents vem por causa de compras de oportunidade feitas por fundos e especuladores. No entanto, crescem também as fixações de origem, principalmente de usinas brasileiras que aproveitam a alta no dólar de quase 9% em 2018 no País.

(Jane Miklasevicius e Tomas Okuda - jane.miklasevicius@estadao.com e tomas.okuda@estadao.com)
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