São Paulo, 09/07/2018 - O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, pediu, em vídeo e nota divulgados pela entidade, que os deputados não aprovem a Medida Provisória 832 (MP do Frete), que estabelece piso mínimo para o transporte rodoviário de carga. A votação está marcada para acontecer no plenário da Câmara amanhã. "O tabelamento obriga o setor produtivo a arcar com as ineficiências criadas pelo governo federal no transporte de carga", diz Nassar, que pede aos parlamentares que não aprovem a Medida Provisória, disse Nassar. Segundo ele, o mercado de frete rodoviário virou um serviço de alto risco. "Como os preços serão tabelados e os embarcadores serão punidos caso não cumpram a tabela, contratar frete vira uma atividade sujeita a judicialização."
Conforme a nota, as empresas que movimentam a produção agrícola e os produtores rurais de maior porte, diante de um frete tabelado que não oscila, vão montar frotas próprias. A associação ressaltou ainda que o tabelamento gera inflação, destacando a alta em junho do segmento de alimentação do IPC da Fipe e do IPCA do IBGE, de 3,14% e 2,03%, respectivamente. "A lei do tabelamento de frete diz que os pisos de custos serão corrigidos, semestralmente, pelo IPCA. Portanto, todo semestre o aumento dos fretes vai gerar inflação de alimentos porque a comida que chega na mesa do brasileiro precisa ser transportada por caminhões", afirmou a associação no comunicado.
Segundo a Abiove, o frete tabelado está impedindo produtores de receber fertilizantes, de vender a produção de forma antecipada e de obter financiamentos. "Produtor rural precisa seguir o calendário climático de plantio e vai produzir com menor nível de tecnologia que, consequentemente, vai comprometer sua renda."
Nassar destacou ainda que, após o tabelamento, os custos de frete já aumentaram entre 30% e 50%. "O prejuízo mais dramático será sobre a produção de 2019. Ninguém sabe quanto vai custar o transporte, impedindo produtores e tradings de atuar no mercado futuro para se proteger contra oscilações de preço", afirmou. (Leticia Pakulski - leticia.pakulski@estadao.com)