Agronegócios
04/08/2021 08:33

Cana: após fusão, BP Bunge energia tem lucro líquido de R$ 395,82 milhões em 2020/21


Por Augusto Decker

São Paulo, 04/08/2021 - A BP Bunge Bioenergia, empresa do setor de cana-de-açúcar, registrou na temporada 2020/21 - sua primeira safra após a fusão -, lucro líquido de R$ 395,82 milhões. Não é possível comparar com o lucro da temporada anterior, por se tratar do primeiro ano da empresa. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ficou em R$ 3,4 bilhões, alta anual de 63%. A margem Ebitda subiu de 42% em 2019/20 para 56% em 2020/21.

"Terminamos o ano com a melhor performance agrícola, industrial, de segurança e financeira", afirmou o presidente executivo e do Conselho de Administração da companhia, Mario Lindenhayn. Ele disse que a empresa conseguiu quase R$ 700 milhões em sinergias, enquanto a meta era de R$ 500 milhões para o primeiro ano.

A moagem de cana-de-açúcar alcançou 27,3 milhões de toneladas em 2020/21, em linha com a temporada anterior, com concentração de sacarose, medida pelo ATR, de 137,23 kg/tonelada - alta anual de 6%.

A comercialização de açúcar subiu 55%, aproveitando os preços mais vantajosos do adoçante, e chegou a 1,969 milhão de toneladas, enquanto a de etanol caiu 12% no mesmo período, para 1,4 bilhão de litros - embora o biocombustível do tipo anidro, que é misturado à gasolina, tenha ganhado seis pontos porcentuais no mix de vendas.

Para a safra atual, que começou em abril no Centro-Sul brasileiro, a expectativa é positiva. Apesar da queda esperada para a moagem em decorrência da seca e de geadas, o cenário é bom para preços. "Vejo o futuro com perspectiva muito positiva, e devemos ter outro ano recorde", disse o CEO da empresa, Geovane Consul. "Juntando nossas reduções de custo e um acerto da estratégia comercial, vemos a safra com bons olhos."

Ele afirma que a companhia espera que o Centro-Sul processe 535 milhões de toneladas de cana - embora essa estimativa esteja sendo revista após nova geada -, "então o mercado começa a entender que o País terá safra menor e o déficit de trade de açúcar pode ser maior". Um possível teto para os preços do adoçante, afirma Consul, é a casa dos 18,60 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), já que a partir desse patamar as exportações sem subsídios se tornam atrativas para a Índia.

As geadas mais recentes, segundo o CEO, fazem com que a companhia colha cana que não estava programada para colher. "Com isso, há queda de produtividade, mas também aumento no ATR", afirmou. Para a temporada do ano que vem, se houver um regime normal de chuvas, a perda deve ser menor, diz ele.

A BP Bunge Bioenergia fixou 90% da safra de açúcar para este ano e 50% para a próxima temporada. "Os preços em Nova York e o câmbio brasileiro tornaram a fixação muito atrativa", diz Consul. Embora o etanol tenha se recuperado e hoje esteja mais lucrativo do que o açúcar, a companhia não pensa em cancelar fixações do adoçante para transferir a produção para etanol.

Por estar pouco endividada - a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, caiu para menos de 1x -, a companhia pretende realizar investimentos nos próximos anos. "O foco do primeiro ano foi integração. Agora, focamos no uso de toda a capacidade das nossas plantas e em excelência operacional nos próximos dois a três anos. Os investimentos exigidos são relevantes", disse Lindenhayn. As 11 usinas do grupo têm capacidade de processamento aproximada de 32,4 milhões de toneladas de cana por ano. Ele disse que, no momento, não há planos de compra de usinas ou de oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês).

Compromissos ambientais

A BP Bunge Bioenergia também publicou os compromissos ESG (ambientais, sociais e de governança) para os primeiros dez anos da companhia, até 2030. Entre as metas, estão o aumento de 10% da produção de energia e a redução de 10% na água de uso industrial captada.

Lindenhayn disse que a biomassa "é sempre lembrada quando se passa por crise hídrica". "Já temos um dos índices mais altos de cogeração, e vamos continuar, por ser algo que converge com nossa estratégia", completou. O CEO, Consul, diz que, por causa da seca, a produção de energia de biomassa deve ser menor nesta safra, "mas a queda será muito inferior à da geração hídrica".

Contato: augusto.decker@estadao.com
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