Agronegócios
28/06/2016 10:28

RTI ressalta que entre ajustes na economia, os fiscais São os principais


Brasília, 28/06/2016 - O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado hoje trouxe avaliações sobre a área fiscal bem diferentes do documento de três meses atrás. Em primeiro lugar porque na edição de março o governo ainda tratava a meta como um superávit primário, e hoje a previsão está deficitária. Também citou a área fiscal como uma das principais armas de combate à inflação. Além disso, a autoridade monetária reforçou o coro positivo em relação às ações do Ministério da Fazenda sobre o teto dos gastos públicos, ainda que não tenha citado essa ação nominalmente.

Para o Comitê de Política Monetária (Copom), há avanços no combate à inflação, mas que sua continuidade depende de ajustes - principalmente fiscais - na economia brasileira. Além disso, o RTI citou outros fatores que interferem no combate à inflação, como a inércia derivada do processo de realinhamento de preços relativos, a confluência de fenômenos climáticos sobre a produção mundial de alimentos, mais especificamente de grãos, e seus efeitos sobre os preços domésticos e, as incertezas em relação ao comportamento da economia mundial.

Na página 76 do documento, o RTI enfatiza que, no horizonte relevante para a política monetária, as incertezas referentes ao processo de recuperação dos resultados fiscais e ao desenvolvimento de eventos não econômicos influenciaram, e continuarão a influenciar, mesmo que em menor grau, os preços dos ativos financeiros. Até então, o documento não trazia essa percepção de menor influência.

"Dessa forma, importa destacar, mais uma vez, que eventuais aumentos de volatilidade e de aversão ao risco nos mercados internacionais tendem a ser transmitidos aos ativos domésticos, de maneira discreta e incremental, mas que pode ser amplificada ou reduzida em função da percepção da solidez macroeconômica e financeira doméstica", escreveram os diretores no documento.

O BC também trouxe que entende que esforços para mudar a perspectiva do balanço do setor público são "fundamentais" para criar uma percepção positiva sobre o ambiente macroeconômico no médio e no longo prazo. "Uma política fiscal consistente repercutirá favoravelmente sobre o custo de capital de modo geral, o
que, por sua vez, estimulará o investimento privado no médio e no longo prazo", escreveram os diretores.

No RTI, houve ênfase sobre a avaliação de que o ajuste fiscal também possui suas próprias defasagens entre a discussão e a adoção das medidas e seus resultados. Para o colegiado, quanto mais tempestiva for a implementação do processo em curso, mais rápida será a retomada de uma trajetória favorável para a dívida pública e para a confiança de famílias e empresas, ajudando na recuperação da economia e no combate à inflação.

"A literatura e as melhores práticas internacionais indicam que uma política fiscal consistente e sustentável contribui para reduzir as expectativas de inflação de forma que o processo de desinflação seja mais rápido e menos custoso", defenderam os diretores do Copom. Em outro trecho, eles voltam a citar que as expectativas de inflação têm sido impactadas negativamente este ano pelo nível elevado da inflação corrente, pelo aumento recente observado nos preços de alimentos e pelos efeitos residuais do processo de ajuste de preços relativos observado em 2015, mas também pelas incertezas fiscais criadas no passado.

Na página 74, o colegiado aborda mais uma vez a questão fiscal. Para a diretoria, a velocidade de materialização das mudanças na economia e dos ganhos delas decorrentes depende "fundamentalmente" da implementação de medidas fiscais estruturais que consolidem a percepção de sustentabilidade do balanço do setor público.

Os membro do Copom também citam a redução de incertezas no ambiente doméstico e internacional. "Ressalte-se a importância de se estabilizar e, posteriormente, reduzir o endividamento público em relação ao PIB, medida crucial para reforçar a percepção positiva sobre o ambiente econômico, para melhorar a confiança dos agentes e para contribuir para a ancoragem das expectativas de inflação", trouxe o RTI, nos mesmos moldes da ata deste mês.

(Célia Froufe, Adriana Fernandes e Eduardo Rodrigues - celia.froufe@estadao.com; adriana.fernandes@estadao.com; e eduardor.ferreira@estadao.com)
Para ver esta notícia sem o delay assine o Broadcast Agro e veja todos os conteúdos em tempo real.

Copyright © 2024 - Todos os direitos reservados para o Grupo Estado.

As notícias e cotações deste site possuem delay de 15 minutos.
Termos de uso