Economia & Mercados
31/01/2022 09:36

Eneva: preço alto de Urucu e mais reservas próprias levaram a fim de conversas com Petrobras


Por Luciana Collet

São Paulo, 28/01/2022 - A alta cotação do petróleo, que impulsionou o preço do Polo de Urucu, e o aumento das reservas próprias de gás levaram a Eneva a desistir da compra do ativo da Petrobras, explicou ao Broadcast Energia o diretor Financeiro da Eneva, Marcelo Habibe. Segundo o executivo, embora Urucu permaneça sendo importante na estratégia de longo prazo da companhia, houve uma “inversão de prioridades” no curto prazo da empresa, que passará a centrar esforços na monetização de seu gás próprio.

“Lá na frente, se Urucu voltar à mesa, se a Petrobras abrir novo processo, a gente vai olhar, vai estudar, analisar, colocar um preço, mas esperamos comprar a um preço mais condizente com a realidade que a gente acredita para esse óleo no futuro”, afirmou, classificando o polo como um ótimo ativo.

Habibe comentou que quando o processo de venda de Urucu foi aberto pela Petrobras e a companhia começou a avaliar o ativo, o barril do petróleo era cotado a US$ 47, enquanto a cotação atual está perto dos US$ 90. “Esse é um ativo majoritariamente óleo, e hoje o óleo está na casa dos US$ 90 - e há analistas avaliando que bate US$ 100 -; obviamente isso levou o ativo, na cabeça da Petrobras, a um valor mais caro, o ativo valorizou, e a gente acha que esse preço de óleo não é sustentável, é um preço que vai cair”, disse, citando que a commodity hoje está na máxima em quase 8 anos.

Paralelamente, Habibe destacou o sucesso nas campanhas exploratórias da companhia, e citou o relatório divulgado ontem, 27, sobre a auditoria das Reservas e Recursos de Campos, Áreas e Blocos nos quais a empresa detém participação, incluindo as áreas nas Bacias do Amazonas e do Solimões, que mostrou evolução das reservas de gás.

“Quando olhamos o Polo de Urucu, tínhamos pouco gás próprio na região, e a estratégia da Eneva era ter uma posição relevante e importante, dominante, na Região Norte, então, como a gente tinha pouco gás próprio, a gente queria comprar Urucu para ter acesso a uma grande reserva de gás. Nesse meio tempo, a gente passou a ter propriedade sobre uma grande quantidade de gás, nesses dois campos, Azulão e Juruá”, explicou. Com isso, afirmou, o foco principal da companhia se inverteu e passou a ser a monetização do gás próprio, isto é, encontrar formas de viabilizar esse gás economicamente.

Habibe lembrou que a Eneva tem desenvolvido duas frentes de crescimento: uma por meio de projetos próprios, como a termelétrica Azulão, de 300 MW, que venceu leilão de energia em dezembro de 2021 e agora deve ser construída no Amazonas, num investimento de R$ 1,3 bilhão; e outra por meio de aquisições, seja no segmento de gás como no de energia.

“A gente tem gás para novos projetos próprios, com gás próprio, e temos apetite e intenção de crescer com outras aquisições”, disse o executivo, citando a mais recente delas, a comercializadora Focus Energia, anunciada em dezembro. “Da mesma forma que tivemos êxito nessa, vamos buscar outras aquisições, no setor de energia ou de gás”.

“Não mudou nada na estratégia da companhia, a estratégia é de ter posição relevante no Norte, a gente já tem essa posição, e pretendemos crescer com essa aquisição de Urucu mais no futuro; ela deixou de ser tão prioritária no curto prazo, mas no longo prazo é muito importante”, concluiu.

Contato: luciana.collet@estadao.com
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